O Governo Regional pretende, a breve trecho, alargar o âmbito das suas bolsas de formação específica, contemplando os finalistas do curso de enfermagem que desejem prosseguir estudos, como médicos, em Medicina Geral e Familiar.
O anúncio foi feito ontem pelo secretário regional da Saúde, Miguel Correia, na sessão de abertura das comemorações dos 50 anos da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada. O governante aproveitou ainda a ocasião para dizer que os Açores são “uma das regiões do país com maior número de enfermeiros por 1000 habitantes, segundo o Instituto Nacional de Estatística” e que “só em 2008 entraram para o Serviço Regional de Saúde 77 novos enfermeiros”. Já com os jornalistas, quando confrontado com a precariedade em termos de vínculo laboral de muitos desses profissionais, o responsável pela tutela limitou-se a frisar que “tem havido um grande esforço por parte do Governo para desbloquear vagas.” “Isso tem acontecido desde 2006 até agora. Portanto estamos a caminhar para uma situação mais segura a nível laboral”, acrescentou. A esse propósito, a presidente da Câmara de Ponta Delgada, Berta Cabral, que também interveio na sessão de abertura, apelou a que se valorizasse a carreira de enfermagem, “assegurando condições compatíveis com a exigência técnica e o desgaste psicológico de quem lida todo o dia com o problema multifacetado da doença”. Nesse sentido, a autarca não deixou de destacar a importância de envolver directamente os enfermeiros nas sucessivas fases do processo de reforma dos serviços de saúde, “não só na implementação final, mas desde a sua definição inicial”. “A carreira de enfermagem que tanto luta pela sua justíssima dignificação, precisa menos de palavras de circunstância e espera por mais compromissos concretos da parte das entidades neste caso competentes”, desafiou Berta Cabral. E por falar em necessidades, a directora da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada, Amélia Correia, em declarações aos jornalistas, voltou a insistir na falta de docentes como sendo o “calcanhar de Aquiles” da instituição, afirmando que aos 28 professores seria preciso somar, no mínimo, mais oito. “Para além da carreira lectiva, o docente tem de fazer também uma actividade de investigação que nós neste momento não estamos a conseguir fazer, senão à custa do tempo familiar que cada um de nós vamos retirando”, sustentou Amélia Correia. Instado a comentar a situação, o reitor da Universidade dos Açores, Avelino Meneses, justifica com a “indisponibilidade de meios” da academia. “A Universidade no seu conjunto também não faz mais porque não tem mais recursos humanos e materiais. A situação é idêntica em toda a academia e diria também que em todas as universidades portuguesas. O problema decorre da falta de renovação de quadros em todo o sistema de ensino em Portugal”.
Luísa Couto