segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Nova proposta de carreira não deve pacificar Saúde
Nova proposta de carreira não deve pacificar Saúde
Contraproposta do Governo enviada aos médicos mantém matérias mais contestadas
IVETE CARNEIRO - Jornal de Noticias
A ministra da Saúde da Saúde cumpriu e enviou ontem aos parceiros as suas novas propostas de carreiras. Que pouco alteram as anteriores, liminarmente recusadas pelos sindicatos. O JN teve acesso ao diploma dos médicos.
Depois de dois meses de silêncio, a ministra Ana Jorge anunciou ontem de manhã, na Assembleia da República, que enviaria aos parceiros ainda ontem as novas propostas para as carreiras médica e de enfermagem. Uma promessa feita em dia de greve geral de enfermeiros com 77% de adesão e dois dias depois de ter afirmado que não é em clima de confronto que se fazem negociações.
Cumpriu o prometido em dia de confronto. E agendou reuniões para a primeira semana de Março. Mas, a crer no documento relativo aos médicos, não deverá pacificar os ânimos. A proposta mantém praticamente tudo o que o sindicatos questionavam, a começar pela clara separação entre os profissionais com vínculo à função pública e os que têm contrato individual de trabalho. Ora, quer médicos quer enfermeiros reclamavam um único instrumento legal para todos, para evitar o "caos organizativo". Os sindicatos não aceitam que dois profissionais exerçam as mesmas funções lado a lado, mas se sujeitem a remunerações, horários e regras disciplinares diferentes. Uma realidade que acontece nos hospitais, depois da sua transformação em entidade pública empresarial (EPE), e que se alargará aos centros de saúde à medida que estes integrem unidades locais de saúde sob administração do hospital EPE local (como acontece em cinco concelhos).
No que toca exclusivamente aos médicos, a nova proposta ministerial insiste em remeter para um diploma próprio a qualificação médica, que a Federação Nacional dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos já tinham dito dever ser integrada na definição da carreira. Um ponto que deixa em aberto a guerra com a Ordem dos Médicos, com quem a ministra está a fazer esta negociação particular, que, dizem, é matéria exclusivamente sindical.
Motivo de contestação na anterior proposta ministerial fora a definição do horário normal de 40 horas. Vai contra o estabelecido no novo regime da Função Pública, que fixa as 35 horas, alertavam os sindicatos. A nova proposta mantém-no.
Da mesma forma, mantém-se a dispensa de urgência à noite a partir dos 55 anos (hoje é aos 50) e acrescenta a dispensa de qualquer urgência aos 60 (hoje aos 55). A ideia já tinha sido alvo de recusa, por ir contra as normas europeias. Além de ser também matéria do âmbito da contratação colectiva, e não deve ser definida num diploma geral, diziam os sindicatos. Tal como esta, também a formação, a avaliação e os conteúdos funcionais são para negociar depois de haver uma carreira definida. Ora, consta neste novo projecto, como acontecia no anterior. Assim como constam tabelas salariais. O confronto ameaça prolongar-se.
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