quarta-feira, 18 de março de 2009

ESEnfC inaugura Centro de Simulação único no país, com ambiente o mais próximo possível do hospitalar

Posted on 16:33 by oncare

Tecnologia de ponta permite aos futuros enfermeiros fazerem melhor em contexto real



Há alguns anos as colheitas de sangue eram treinadas nos colegas, assim como as punções ou a administração de injectáveis. E, quando assim não era, Manuela, Margarida, Sónia e Verónica, apenas dispunham de almofadas e palhinhas para, como estudantes de Enfermagem, colocarem na prática as técnicas que, mais tarde, iriam fazer parte do dia-a-dia da sua profissão.


Uma realidade que parece bem longínqua para quem visita o novíssimo Centro de Simulação de Práticas Clínicas, ontem inaugurado no Pólo A da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), o primeiro do género em Portugal e um dos poucos na Europa equipados com equipamentos de ponta, totalmente adquiridos nos Estados Unidos da América.Uma unidade do mais moderno que existe em Escolas de Enfermagem, onde, em cinco novos laboratórios, os futuros enfermeiros poderão entrar em contacto com um ambiente quase real – e até mais moderno do que o de alguns hospitais – do que é o dia-a-dia de um enfermeiro em diferentes unidades hospitalares e, portanto, com diferentes exigências.Manuela, Margarida, Sónia e Verónica estão no laboratório dos Cuidados Intensivos, onde treinam para o seu curso de Especialização, e constatam «os sortudos» que são os actuais estudantes de Enfermagem, comparados com os dos seus tempos. Ali está montada uma verdadeira unidade hospitalar, com os equipamentos mais modernos que existem nesta área.


Todas as máquinas estão ligadas e o “doente” lá está deitado, pronto a ter exactamente as mesmas reacções que teria um doente real, numa unidade do género.Vantagens? «Estamos muito mais à-vontade na prática de todos os procedimentos necessários e mais seguros, logo há alguns ganhos para a Saúde e para os doentes», explica Verónica, enfermeira há nove anos e consciente de que, qualquer que seja o aluno a praticar naquele ou em qualquer outro laboratório do novo Centro de Simulação «encontra uma situação muito, mas mesmo muito, próximo da realidade» e que, portanto, «saberá muito melhor como reagir quando efectivamente o que se treinou se concretizar».

Homenagem a Carlos Magno

De facto, os cinco laboratórios colocados à disposição dos alunos são o mais próximo possível do real.


Os registos de enfermaria e os programas informáticos são iguais aos dos hospitais, há áreas privadas parecidas com as dos enfermeiros num estabelecimento de Saúde, assim como as enfermarias, um Hospital de Dia, um quarto de banho ou uma Unidade de Cuidados Intensivos. Mas a principal mais-valia são os simuladores.«Aqui, os futuros enfermeiros ficam a falar para o boneco, mas para um boneco que responde», brincou José Carlos Martins, numa pequena visita ao Centro de Simulação, ao qual foi dado o nome de Carlos Magno, o primeiro presidente do Conselho Pedagógico da ESEnfC, recentemente falecido.



Para o responsável aquela é uma das mais importantes aquisições, uma vez que os bonecos que simulam doentes interagem com os enfermeiros e reagem como se de um ser humano se tratasse. Isto permite aos professores programarem os simuladores para determinada situação clínica e pedir aos alunos que diagnostiquem os problemas de enfermagem, decidam o tipo de intervenção e intervenham.


E o “doente” reage caso a decisão seja correcta ou incorrecta.Uma vantagem que Manuela, Margarida, Sónia e Verónica não tinham no seu tempo de estudante e a que se junta o facto de, em cada laboratório, todos os procedimentos estarem a ser filmados, sendo possível ao aluno em causa, juntamente com o professor, rever o procedimento, identificar as falhas e fazer melhor na vez seguinte.


Aliás, cada futuro enfermeiro poderá guardar um “portfólio” das suas filmagens para perceber como foi a sua evolução na aprendizagem.«São máquinas de elevada fidelidade, do melhor que existe no mercado, que simulam o que é a realidade dos doentes, no dia-a-dia de trabalho de um enfermeiro e permitem perceber como agir em contexto real», adiantou o responsável. E isto no cenário mais complexo da Unidade de Cuidados Intensivos, mas também no mais simples, como o treino da comunicação com o doente quando este está alterado e precisa de relaxamento ou quando, por exemplo, está com uma dor não terapêutica ou ainda de como proceder num gabinete de enfermagem numa consulta de saúde infantil.Co-financiado pelo QREN, em 75% (os restantes 25% foram suportados pela ESEnfC), o Centro de Simulação de Práticas Clínicas Carlos Magno, juntamente com a reformulação da Unidade de Investigação e a criação de um laboratório para a Actividade de Vida Diária e de Regresso a Casa, instalado no Pólo B da escola, corresponde a um investimento de 850 mil euros. A inauguração contou com a presença de Jorge Lacão, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.


Fonte: Diário de Coimbra

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