domingo, 20 de julho de 2008

Diagnósticos de melanoma podem ser exagerados

Posted on 22:48 by oncare


Jacksonville, Flórida - Uma equipe médica da Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, definiu o número normal de melanócitos presentes na pele, exposta ao sol, de pessoas caucasianas. Até agora, não havia um critério para distinguir através de exame in situ (no lugar natural) uma lesão solar de um melanoma precoce.

Os resultados do estudo, que iluminam essa área nebulosa do câncer de pele, fazem parte da edição de julho da Arquivos de Dermatologia.


"Em medicina, as incertezas são muitas. E as incertezas levam os médicos a optar, muitas vezes, por tratamentos excessivamente agressivos", diz o cirurgião dermatológico da Clínica Mayo, Ali Hendi, que liderou a equipe de pesquisadores. "Nos faltava um método seguro para diferenciar um câncer de pele de uma simples lesão provocada por excesso de exposição ao sol e esse estudo foi o caminho para encontrarmos o elo perdido".

Existem dois tipos básicos de câncer de pele: o melanoma e o não-melanoma - este inclui o carcinoma basocelular (de células basais) e o carcinoma espinocelular (de células escamosas). De acordo com a Sociedade Americana de Câncer, o melanoma é o tipo mais mortal de câncer de pele. Ele representa apenas 4% dos casos de câncer de pele, mas praticamente a totalidade das causas de morte por câncer de pele. Ele se origina nos melanócitos, as células que produzem a melanina, a proteína que dá pigmentação (ou cor) à pele, aos cabelos e aos olhos.

A equipe do dermatologista Ali Hendi levou em consideração que patologistas e cirurgiões de Mohs podem cometer um erro ao diagnosticar um melanoma onde só há uma lesão da pele por excesso de irradiação solar, o que pode resultar em cirurgias desnecessárias, em complicações ou deformidades. A cirurgia de Mohs - uma técnica desenvolvida pelo doutor em medicina Frederic E. Mohs - permite a remoção gradual do câncer de pele e isso possibilita ao cirurgião remover tecidos apenas da área afetada pelo câncer, preservando os sadios.

Os cirurgiões de Mohs (assim chamados porque realizam cirurgias de Mohs) retiram uma camada fina do tumor, examinam a patologia da área afetada num microscópio, removem o tecido canceroso residual, interrompendo o procedimento quando atingem o tecido sadio. Em vista do caráter excessivamente cauteloso da cirurgia , os pesquisadores decidiram desenvolver critérios que permitissem aos médicos distinguir, nos casos de alterações celulares, simples lesões solares, não cancerosas, dos melanomas.

No estudo, amostras de tecidos sadios foram retirados de 132 pacientes de raça caucasiana, selecionados randomicamente, que estavam sendo submetidos à cirurgia de Mohs, para remoção de câncer de pele não-melanoma, em áreas da face e do pescoço. As amostras foram obtidas das bordas da área extirpada, de pele normal, não cancerosa. Eles descobriam que, no caso de pele normal, exposta ao sol, o número de melanócitos, num diâmetro de 0.5 milímetro, era de 15.6 (ao contrário da pele sem lesão solar, que podia ter de cinco a sete). Melanócitos adjacentes, outro indicador usado pelos patologistas para diagnosticar melanoma precoce, estavam presentes, em graus variáveis, em 11% das amostras. Finalmente, descobriu-se que melanócitos desciam ao longo do folículo piloso, uma descoberta atribuída, previamente, apenas em casos de melanoma em pele danificada pelo sol.

Os pesquisadores asseguram que essas descobertas são significativas, porque muitos cirurgiões removem tecido até chegar a células sadias, com distribuição "normal" de melanócitos. O dermatologista da Mayo prevê que as descobertas do estudo serão valiosas para os médicos que fazem o diagnóstico e o tratamento de melanomas. "Esperamos por muito tempo o dia em que poderíamos olhar no microscópio para obter uma medida que nos permitisse determinar, com sucesso, a remoção de um melanoma in situ", ele afirma. "Em muitos casos, os cirurgiões podem interromper o processo de remoção de tecidos bem mais cedo, o que resulta em menos trauma para a pele".

A equipe da Mayo recomenda aos médicos o uso das descobertas do estudo como novos parâmetros para o diagnóstico de melanoma e remoção de tecidos. O dermatologista Ali Hendi teve a colaboração dos doutores em medicina David Brodland e John Zitelli, do Centro Médico da Universidade de Pittsburg. O estudo foi financiado, em parte, por Concessão da Fundação do Câncer de Pele Frederic E. Mohs Memorial.

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