segunda-feira, 21 de julho de 2008

DOENÇA DE CHRON

Posted on 23:58 by oncare

DOENÇA DE CHRON



Introdução
  • Processo de inflamação crónica capaz de afetar qualquer segmento do canal alimentar, desde a boca até o ânus, que evolui por surtos de exacerbação e remissão imprevisíveis e com resposta à terapia medicamentosa ou cirúrgica igualmente inesperada.
  • As lesões não respeitam a mucosa e podem produzir úlceras, estenoses e fístulas.
  • Etiologia indefinida. Atinge qualquer segmento do tubo digestivo, ocorrendo nítida preferência pela transição ileocólica.
  • 10 a 20% dos pacientes podem apresentar longo período de remissão após a apresentação inicial.
Epidemiologia
  • Incidência maior em pacientes entre a terceira e a Sexta décadas, sendo bem menor em pacientes com menos de 20 anos. Incidência um pouco maior em mulheres.
  • 10 a 20% dos pacientes podem apresentar longo período de remissão após a apresentação inicial.
Fisiopatologia
  • Doença transmural, envolvendo o mesentério e os linfonodos regionais.
  • A alteração da mucosa é mais precocemente reconhecível por endoscopia onde se vê a úlcera aftóide. A mucosa pode apresentar aspecto de paralelepípedo.
  • segmento intestinal envolvido pode apresentar hiperemia, espessamento, estenoses, áreas de deposição de fibrina, aderências entre alças e órgãos vizinhos.
  • Conseqüências das aderências: massa palpável em QID, fístulas entre ID e: IG, bexiga, vagina, parede abdominal, cavidade peritoneal.
  • A inflamação da mucosa com fibrose, a obstrução linfática e o edema, quando localizados no delgado, podem levar à má absorção por redução de área absortiva (má absorção epitelial) ou por dificuldade no transporte (má absorção pós-epitelial). De acordo com a localização e extensão da lesão a má absorção poderá ser seletiva ou múltipla. Dessa forma, se o segmento comprometido for delgado superior, haverá má absorção de ferro, dissacarídeos, proteína, folato e gorduras; se a lesão for em íleo, ocorrerá má absorção de sais biliares e vitamina B12. Além da má absorção, o organismo perde proteína e sangue pelas lesões ulceradas, bem como água e eletrólitos.
Manifestações clínicas
  • Uma das manifestações iniciais mais comum é a diarréia não sanguinolenta acompanhada de dor abdominal e emagrecimento.
  • Pode apresentar-se como febre de origem indeterminada: a febre pode ser devido ao processo inflamatório ou a algumas das complicações da doença.
  • Ileíte aguda com dor em FID, febre, náuseas, vômitos e leucocitose pode ser indistinguível da apendicite aguda.
  • Sangramento digestivo é menos freqüente que na retocolite ulcerativa.
  • As manifestações tardias dependem da localização anatômica, extensão e tipo das lesões. Podem haver sintomas extra intestinais (independem do comprometimento intestinal), como artralgia de grandes articulações e lesões cutâneas, como o eritema nodoso, que reforçam o diagnóstico. Febrícula e retardo do crescimento (em crianças) podem estar presentes. Evolui com fibrose e quadros de semi-obstrução intestinal. A DC pode estar associada a doenças hepáticas como hepatite autoimune, colangite esclerosante e esteatose hepática.
Exame físico

Os achados estão relacionados à localização anatômica das lesões, suas repercussões no estado geral do doente e à presença de complicações, podendo estar normal. A região perianal sempre deve ser examina, à procura de fístulas, fissuras e estenose retal ao toque.

Diagnóstico

  • Inicialmente baseado na história (diarréia -sem sangramento-, dor abdominal, emagrecimento e febre), e exame físico (pode estar normal).
  • Exames complementares: devem-se excluir infecções e parasitoses. Avaliar necessidade:
  • Trânsito intestinal: diagnóstico e estadiamento da extensão da doença (essa deve ser sempre feita ao diagnóstico, associando transito e REED). Não detecta doença inicial, mas documenta lesões aftosas.
  • US: detecta o espessamento das alças, suas dilatações, abscesso, perfurações e eventuais coleções líquidas, permite também acompanhar a evolução do processo em resposta ao tratamento.
  • A colonoscopia com biópsia é mais sensível que a retossigmoidoscopia, faz diagnóstico em casos iniciais, quando o bário não pode fazê-lo.
  • Deve-se fazer o estadiamento da anemia, disproteinemia, da atividade inflamatória e da extensão da doença.
  • TC: principal método para avaliação da doença mural e extra-intestinal.
Complicações

A mais freqüente é a formação de fístulas entre dois segmentos intestinais, entre o intestino e outro órgão (bexiga, por exemplo) ou pele. A estenose pode levar à um quadro semioclusivo e piora do estado geral.

Diagnóstico Diferencial

  • Fase aguda: apendicite aguda e infecções por E. coli, Salmonella, Helicobacter e Yersinia
  • Fase crônica: linfoma e isquemia mesentérica crônica.
Manifestações extracolônicas
  • Úlcera péptica
  • Artrite
  • Lesões de pele: pioderma gangrenoso e eritema nodoso
  • Colelitíase, cálculo renal e lesões oculares (uveíte)
Risco de Carcinoma:
  • 4 a 20 vezes maior que o risco da população geral.
  • Risco parece ser similar ao da Retocolite ulcerativa para o mesmo tempo e extensão do acometimento intestinal.
  • Colonoscopia com biópsia após 10 anos de doença
  • Alto grau de displasia: colectomia
  • Baixo grau: conduta incerta: acompanhamento ou cirurgia.
Tratamento

O tratamento medicamentoso inclui antiinflamatórios e imunossupressores. O tratamento cirúrgico está indicado nas complicações (perfuração, obstrução), ausência de resposta ao tratamento clínico e comprometimento grave de crescimento. A freqüência de indicação cirúrgica aumenta com a duração da doença. Evitar múltiplas ressecções: síndrome do intestino curto.

  • ANES: as doenças do íleo e cólon podem ser tratadas com aminossalicilatos VO. Demais sítios, incluido intestino delgado não respondem (não há flora).
  • ATB: metronidazol e/ou ciprofloxacin nas exarcebações.
  • Corticosteróides: tratamento da fase aguda da doença colônica e do intestino delgado.
  • Imunossupressores: usados quando há refratariedade ao tratamento com as drogas citadas.
Nutrição
  • Nutrição parenteral total na fase aguda.
Indicações do Tratamento Cirúrgico
  • Falha/refratariedade ao tratamento clínico;
  • Obstrução intestinal: ocorre principalmente no ID. Caso não haja melhora com tto clínico (repouso intestinal, hidratação EV e corticoterapia), operar;
  • Crescimento retardado;
  • Abscesso intra-abdominal: pode-se tentar drenagem percutânea guiada por US + ATB. No insucesso ou sepse incontrolável: cirurgia;
  • Fístulas;
  • Perfuração livre;
  • Sangramento Maciço;
  • Prevenção de câncer;
  • Câncer: geralmente é agressivo;
  • Manifestações extracolônicas: melhoram após colectomia (do segmento doente)
Técnicas Operatórias
  • Operações de By-Pass: usada quando a ressecção não é tecnicamente possível.
  • Ressecções de Intestino Delgado: retirar somente segmento doente.
  • Estricturoplastia: trata somente as complicações.
  • Drenagem percutânea guiada por US.


Bibliografia:

  1. UpToDate 9.3
  2. PETRONIANU A. Clínica Cirúgica.
  3. PRADO F.C., RAMOS J., VALLE J.R. Atualização Terapêutica 2001. 20ed. Editora Artes Médicas LTDA. São Paulo – SP. 2001
  4. BENNETT, J.C., PLUM, F., CECIL Tratado de Medicina Interna. 20ed. Editora Guanabara Koogan S.A., 1997.
  5. BARBIERI D. Doenças inflamatórias intestinais. Jornal de Pediatria. http://www.jped.com.br
FONTE: http://www.infomed.hpg.ig.com.br

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