domingo, 5 de abril de 2009

Ministra avisa que "não se trabalha bem sob pressão"

Posted on 23:35 by oncare


IVETE CARNEIRO E CARLOS RUI ABREU in JN


A diferença de perspectiva sobre a greve de dois dias dos enfermeiros não se limitou aos números.


Os sindicatos falam numa adesão global 77%; o Ministério da Saúde (MS) aponta 64,5%. Os sindicalistas queixam-se da falta de aproximação da tutela às reivindicações sindicais nas negociações da carreira; a ministra garante que as reuniões têm decorrido em "ambiente de muito diálogo e de grande colaboração". Ana Jorge não compreende, por isso, que haja uma greve.


Em causa está a revisão da carreira de enfermagem. Os enfermeiros não aceitam estar salarialmente abaixo dos outros licenciados da função pública. E rejeitam que fiquem de fora do diploma matérias como horários, avaliação e formação, que acabam, assim, remetidas para negociações colectivas em que estarão separados os trabalhadores em regime de função pública e os que têm contrato individual (nos hospitais entidades públicas empresariais).


A paralisação foi, para o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP, um dos quatro que convocaram o protesto), um sucesso. Além de afectar centros de saúde e hospitais (nas consultas e cirurgias programadas), incluiu "espaços de indignação" com 2500 participantes. E interpelações pessoais ao primeiro-ministro e à ministra da Saúde, em Faro e Guimarães. A adesão revelou disponibilidade para a luta, garante o SEP, que espera "avanços" na reunião marcada para dia 15. Caso contrário, deixa no ar a ameaça de novos protestos.



Do seu lado, Ana Jorge garante que os próprios sindicatos reconheceram que as conversas estavam a correr bem, estando-se "em fase de boas negociações". "Não sentido nenhum que, numa fase destas de entendimento venham fazer greve", lamenta a ministra.


Que deixa um aviso: "Não se trabalha bem sob pressão". Se esta se mantiver, o Ministério terá de "repensar qual o ambiente que haverá para continuar as negociações".

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