segunda-feira, 30 de junho de 2008

Cancro do Colon do Útero




O que é o colo do útero?

O colo do útero é a extremidade inferior do útero, que liga o corpo do útero à vagina. O colo do útero sofre alterações ao longo da vida de uma mulher (puberdade, durante o parto, menopausa).

A área que une a região externa do colo do útero (exocolo do útero) e a porção interna (endocolo) é muito sensível. È aqui que se inicia a maior parte dos cancros do colo do útero.









O cancro do colo do útero é comum?

Na Europa*, o cancro do colo do útero sucede ao cancro da mama como a segunda causa de morte por cancro em mulheres com idades entre os 15 e 44 anos.

Na Europa, todos os dias, quarenta mulheres morrem de cancro do colo do útero.

Este número tem vindo a diminuir desde há alguns anos graças a programas de rastreio. No entanto, em França, em 2000, foram detectados 3400 novos casos.

O que causa o cancro do colo do útero?

Ao contrário de muitos outros cancros, a origem do cancro do colo do útero não é hereditária.
Este cancro é sempre causado por um vírus, o Papilomavírus Humano.

Certos tipos deste vírus são capazes de transformar as células do colo do útero, provocando lesões, que em alguns casos progridem para lesões cancerosas.

Esta progressão acontece apenas num número reduzido de casos e desenvolve-se ao longo de vários anos.

Quem pode ser afectado por este cancro?

Todas as mulheres podem ser afectadas.

40% de todos os casos de cancro do colo do útero são diagnosticados em mulheres com idades entre os 35 e os 54 anos. No entanto, foi demonstrado que a maioria das mulheres contraem o Papilomavírus na adolescência ou início da idade adulta

Cerca de 70% das mulheres e homens entrarão em contacto com o Papilomavírus durante as suas vidas. Este vírus é muito comum e é transmitido por simples contacto genital de uma pessoa para a outra.
Felizmente, a maioria das pessoas infectadas com o vírus não desenvolverão cancro porque, em 90% dos casos, o Papilomavírus é eliminado naturalmente.

O que é o Papilomavírus Humano?

Na verdade, existem mais de 100 tipos de Papilomavírus Humano.

Os Papilomavírus cutâneos são responsáveis pelas verrugas cutâneas, enquanto que os Papilomavírus das mucosas colonizam preferencialmente as membranas mucosas. Se entrarem em contacto com os órgãos genitais, os Papilomavírus podem causar várias patologias, entre as quais o cancro do colo do útero.

Nunca me vai acontecer

Estes vírus são muito contagiosos, comuns e podem ser totalmente silenciosos.

Os Papilomavírus infectam mulheres e homens, e a maioria de nós irá encontrar este vírus em algum momento das nossa vidas.

Qualquer pessoa que já tenha tido alguma forma de contacto genital com um portador de Papilomavírus genital, pode estar infectado.

Isto significa que não é necessário ter relações sexuais para haver infecção.

Um único parceiro com Papilomavírus é suficiente para se ser infectado.

Um estudo recente realizado na Europa, mostrou que 35% das jovens entre os 15 e os 17 anos estavam infectadas com Papilomavírus Humano, aumentando esta percentagem para 60% nas jovens de 19 anos de idade.

Quais as doenças causadas pelo Papilomavírus?

Apesar dos Papilomavírus serem comuns, felizmente são eliminados naturalmente em 90% dos casos. Nas situações em que tal não acontece, os Papilomavírus permanecem nas membranas mucosas, e podem causar sintomas clínicos a curto, médio e longo prazo.

Alguns tipos de Papilomavírus podem causar cancro do colo do útero, sendo o cancro o estádio final de um desenvolvimento que tem início em lesões nos tecidos.
Na maioria dos casos estas lesões regridem naturalmente, mas caso isso não aconteça ocorre uma progressão, em geral lenta, para lesões cancerosas.

O colo do útero não é a única região do aparelho genital que é sensível aos Papilomavírus. Eles podem também afectar a vulva e a vagina podendo provocar condilomas genitais e lesões semelhantes às provocadas no colo do útero, nomeadamente cancro.

Apesar de não serem cancerígenos, os condilomas genitais são difíceis de tratar e embaraçosos. Os tratamentos são dolorosos e as situações de reaparecimento são frequentes.

O cancro da vulva e da vagina é bastante mais raro do que o do colo do útero.


Como se podem diagnosticar estas doenças?

Como o cancro do colo do útero pode afectar todas as mulheres, o seu rastreio sistemático através de citologias regulares está implementado em muitos países.

A citologia consiste na recolha de uma amostra de células do colo do útero para consequente pesquisa de células com alterações. As anomalias cervicais causadas pelo Papilomavírus, que em geral não causam quaisquer sintomas na mulher, podem desta ser desta forma detectadas.

A maioria das lesões regredirá naturalmente. Dependendo do grau das lesões identificadas, o seu médico poderá optar por não intervir, mantendo sobre vigilância o seu desenvolvimento natural, ou por removê-las com tratamentos específicos.

Quais os tratamentos para estas doenças?

Não há nenhum tratamento que elimine o vírus em si.

Numa situação de cancro, os tratamentos são sempre longos e difíceis. Quer estejam envolvidos o colo do útero, a vagina ou a vulva (o cancro das duas últimas é o mais raro), se houver lesões cancerosas, o tecido com alterações é removido através de intervenção cirúrgica.

Os tratamentos para condilomas genitais consistem na remoção das lesões (por pequena cirurgia ou queimadura) e pelo uso de fármacos específicos. O tratamento da lesão é eficaz a curto prazo, mas pode ser doloroso e são comuns as situações de reaparecimento da doença.

Como me posso proteger contra estas doenças relacionadas com o Papilomavírus?

O rastreio é essencial porque detecta alterações nas células numa fase precoce, permitindo que se evite a progressão para lesões cancerosas. No entanto, o rastreio não protege contra a infecção por Papilomavírus nem contra as alterações nas células.

A origem vírica dos cancros relacionados com Papilomavírus oferece uma oportunidade de prevenção primária destas doenças e das lesões que as precedem, através de vacinação.

O rastreio continua contudo a ser necessário para vigiar o aparecimento de alterações celulares. A combinação do rastreio e da vacinação deverão maximizar a eficácia no combate ao cancro do colo do útero.

Quando deve ser feita a vacinação?

Uma vez que a infecção pelo vírus é mais frequente no início da vida sexual, a vacinação deverá ser feita de preferência em pré-adolescentes e adolescentes.

No entanto, a vacinação de mulheres jovens já exposta a um tipo de vírus permitirá a sua protecção contra tipos de Papilomavírus com os quais não tiveram contacto.
Contacte o seu médico para mais informação!

Agora é consigo!

Agora que tem toda a informação, não permita que o cancro decida o seu futuro, ou o da sua melhor amiga, da sua prima, da sua irmã ou da sua filha...

Passe a palavra.

Diga-lhes que o cancro do colo do útero pode afectar todas as mulheres, que é causado pelo Papilomavírus, um vírus muito comum, e que a prevenção existe!
Liga Portuguesa contra o Cancro

sábado, 28 de junho de 2008

RCP basica só com Compressoes!!!

As nao tao antigas guidelines da American Heart Associacion 2005 CPR poem mais enfase nas compressoes toraxicas relativamente com as ventilacoes. Pela primeira vez, a AHA aconselha a dar 30 compressoes para 2 ventilacoes,i.e. 30:2 (o antigo 15:2).

Deixamos entao o ABC, DocAroundTheClock meio tempo perdido, e adptamos o ACB (airway, compressions, breathing).

Ou melhor, agora é AC (airway, compressions) segundo as ultimas indicacoes. Clica aqui para ver AHA advisoryHands-Only (Compression-Only) Cardiopulmonary Resuscitation published in Circulation (PDF file).

De acordo com aCNN report desde o encontro da AHA 2008, APENAS COMPRESSOES - CPR trabalha tambem com as indicacoes standart para adultos:

" Os investigadores referem que a melhor forma de ajudar alguem que sofre uma paragem cardiaca, será usar apenas as maos, "Hands-only CPR", ou seja, a forma mais simples e pratica, para nos lembrar e evitar a "grande barreira", pessoa - pessoa, que é fazer a respiracao boca a boca.

Apenas tem de fazer duas coisas. Ligar o 112 e inicie as compressoes toraxicas no meio do externo.
Apenas CPR com maos, de forma ineterrupta compressoes - 100 por minuto - até Ä chegada da equipa de emergencia médica.



Esta medida só pode ser tomada nas pessoas adultas. Uma crianca que tenham uma PCR, a causa principal é ao nivel da, via aérea -- e por esse motivo devemos fazer primeiro respiracao boca - a - boca."

FONTE: American Heart Associacion

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Tensao arterial no Antebraco

Estudos recentes demonstraram que existe uma diferença entre a pressão arterial avaliada com um manguito automatizado sobre o antebraço versus o braço.

Na minha opiniao, considero que vai haver uma diferenca de pressão entre o antebraço e o braço. Em geral, a pressão arterial que se obtem a partir do antebraço será mais elevada do que a pressão arterial avaliada a partir do braço.
Um estudo realizado por Schell, et al. mostrou diferenças adicionais que podem afectar os valores de pressão arterial no antebraço; o mais importante sera a posicao da cama em Fowler. As maiores diferenças entre os valores antebraço e do braço, foi notada quando a cabeceira da cama foi elevada a 30 graus. Além disso, os clientes com uma grande massa corporal e os clientes com farmacos vasoativos foram os que, mais probabilidades tiveram de ter grandes diferenças de valores de T.A entre o antebraço e o braço.

A principal questao será que o antebraço é o melhor local para avaliar a pressão arterial. Compreendo que a pressão do antebraço é provavelmente superior ao que seria avaliada a partir do braço. Tendo em atencao o seguinte, e imaginando que, tinhamos um cliente que apresentava uma T.A.S de 90 mm Hg no antebraco, poderiamos estar a cometer um erro diagnostico (isolado), de considerar um estado de choque, consiederando que a T.A.S no braco e maior. Este tipo de erros aumenta se, posicao da cabeceira da cama > 30 graus, elevado indice de massa corporal, e administracao de drogas vasoactivas.

Schell, K, et al. (2008). Journal of Critical Care 17 (3): 282-3.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Mantencao dos níveis de glicose após a interrupcao da perfusao de insulina


Numa investigação realizada pelo Conselho Nacional do Ensino Americano, os investigadores analisaram os níveis de glicose após a interrupcao das perfusões continuas intravenosas de insulina. Descobriram que níveis de glicose tinham sido tratados com uma variedade de métodos diferentes, após a paragem da perfusao de insulina. No entanto,após 24 horas de protocolo e depois de interrompida a P.C. Insulina, o nível médio de glicose no sangue era de 181 mg / dL.

Os autores sugerem a criacao de um protocolo padronizado insulina para lidar com a hiperglicemia, após a paragem da perfusao de insulina, de forma a evitar um aumento substancial da glicose no sangue, que poderiam ser prejudiciais para o doente. Outros estudos têm demonstrado que a hiperglicemia pode causar diminuição da cicatrização, diminuição da resposta imune, aumento da pressão intracraniana, e outras complicações, assim como uma maior taxa de mortalidade. Por isso é importante, que para controlar a glicose no sangue e mantê-la o mais próximo possível do intervalo alvo de 80 a 100 mg / dL possível.

De acordo com este estudo não se está a fazer um bom trabalho de responder aos níveis de glicose no sangue após o termino da perfusao de insulina. Precisamos assim de protocolos para resolver os desiquilibrios de glicose após terminada a perfusao de insulina, como o objectivo chave, de evitar complicações.

Li, F.Y., et al. (2008). American Journal of Critical Care, 173 (3), 277-278.

domingo, 22 de junho de 2008

Desenvolvimento Fetal

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Lavasept - Alternativa a Iodopovidona


[Lavasept as an alternative to PVP-iodine as a preoperative antiseptic in ophthalmic surgery. Randomized, controlled, prospective double-blind trial]


Author(s): Hansmann F, Kramer A, Ohgke H, Strobel H, Muller M, Geerling G

Affiliation(s): Klinik fur Augenheilkunde, Campus Lubeck des Universitatsklinikums Schleswig-Holstein, Lubeck. hansmann@t-online.de

Publication date & source: 2005-11, Ophthalmologe., 102(11):1043-6, 1048-50.

Publication type: Randomized Controlled Trial

BACKGROUND: To reduce the risk of endophthalmitis PVP-iodine is typically used preoperatively. Since iodine is contraindicated in patients with a specific allergic history or severe thyroid disorder we studied the effect of Lavasept, which contains Polyhexanid as an antiseptic alternative.

PATIENTS AND METHODS: In a randomized controlled double-blind trial 3 drops of 0.2% Lavasept, 1.25% PVP-iodine or Ringer's solution were applied preoperatively to 67 patients, which have had a minimum of 5 colony forming units (cfu's) in the conjunctival swap. The effectiveness and tolerability were measured.RESULTS: After application of Lavasept or PVP-iodine, the number of cfu was statistically significantly reduced. Lavasept reduced the number of bacterial colonies significantly better than PVP-iodine (p=0.05). All test solutions were equally well tolerated.

CONCLUSION: The use af Lavasept is safe, well tolerated and reduces the microbiological contamination of the conjunctival fornix effectively. lt provides a more effective reduction of the cfu's than PVP-iodine 1.25% and this effect tends to be prolonged. Lavasept is a good alternative option in ophthalmology for preoperative antisepsis.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

INSUFICIENTE


ADMINISTRACAO DO ONCARE CONCLUI QUE O BLOG AINDA TEM CONTEUDOS QUE SAO INSUFICIENTES.

O BLOG DESENVOLVERÁ NOS PROXIMOS DIAS MEDIDAS PARA AUMENTAR A QUALIDADE DO MESMO EM TODOS OS ASPECTOS...

ADM. ENF. DAVIDE CARVALHO

DRENAGEM TORÁCICA

Margarida Resende
UCI - Hospital da Cruz da Vermelha, Lisboa

Introdução
. A colocação de um dreno torácico é um procedimento corrente que pode ser realizado com
segurança numa Unidade de Cuidados Intensivos.
. Utiliza-se geralmente para aspirar ar ou líquido da cavidade pleural, mas também pode ser útil
para introduzir substâncias “esclerosantes”, prevenindo a reacumulação de líquido nos
derrames recorrentes ou a recidiva de um pneumotórax.
. Também se utilizam cateteres pleurais de pequeno calibre para introduzir na cavidade pleural
agentes anestésicos e reduzir a necessidade de analgesia sistémica após toracotomia.



Tabela 1. Algumas indicações para colocação de drenagem torácica
Pneumotórax
Primário ou espontâneo
Secundário
DPOC
Pneumonia
Abcesso/Empiema
Neoplasia
Iatrogénico
Colocação de cateter central
Biópsia pulmonar/pleural
Ventilação mecânica
Hemotórax
Traumático
Ferida penetrante
Ferida não penetrante
Biópsia pulmonar/pleural
Não traumático
Enfarte pulmonar/embolia
Abcesso
Empiema
Pneumonia
Abcesso
Pós toracotomia
Derrame pleural recorrente
Neoplásico
Cardíaco
Para escleroterapia
Quilotórax
Cirurgia torácica
Neoplasia
Colocação de linha venosa central
Hiperextensão súbita do pescoço
Vómito ou tosse violentos
Outras indicações
Anestesia
Quimioterapia
Malformação artério-venosa
Neoplasia
Coagulopatia

Pneumotórax
. Por definição, existe pneumotórax quando há acumulação de ar na cavidade pleural,eliminando a pressão negativa normal e fazendo com que o pulmão perca contacto com a parede torácica e colapse.
. Um pneumotórax pequeno em pulmões sem lesão parenquimatosa pode ser reabsorvido pela
circulação pleural e permitir que o pulmão volte a expandir.
. Se há lesão parenquimatosa ou o pneumotórax tem dimensões apreciáveis e causa dificuldade respiratória, deve ser evacuado por aspiração ou drenagem torácica.
. O pneumotórax espontâneo, embora seja uma situação relativamente comum, raramente leva a internamento em Cuidados Intensivos a não ser que surja uma complicação.
. Um pneumotórax iatrogénico, pelo número de procedimentos realizados numa UCI, é uma situação frequente e que, pelo menos em doentes submetidos a ventilação mecânica, quase sempre obriga a drenagem torácica. Para além da colocação de linhas centrais e ventilação mecânica, outras causas de pneumotórax iatrogénico são a toracocentese, reanimação cárdiorespiratória, entubação endo-traqueal, colocação de sondas naso-gástricas, broncoscopia e
biópsia pleural.
. Um pneumotórax sob tensão é uma situação urgente que causa compromisso hemodinâmico grave. Ocorre sobretudo em doentes ventilados e com Peep e o ar no espaço pleural aumenta em cada ciclo respiratório, aumentando a pressão e levando a desvio do mediastino de forma a que diminui o retorno venoso e o débito cardíaco.
. Clinicamente há desvio da traqueia para o lado oposto, ausência de movimentos respiratórios
e murmúrio vesicular no lado afectado, aumento da sonoridade à percussão, distensão jugular,
hipotensão, taquicárdia, hipoxémia.
. É urgente a colocação de um dreno torácico e, enquanto se prepara o material para a
drenagem, deve colocar-se uma agulha nº 14 ou 16 no 2º espaço intercostal anterior, na linha
médio-clavicular, o que vai permitir aliviar a pressão intra-pleural e evitar maior compromisso
hemodinâmico.

Hemotórax
. Hemotórax é a acumulação no espaço pleural de líquido com um hematócrito de pelo menos
50% do hematócrito do doente.
. O hemotórax espontâneo, não traumático é raro. Pode estar associado a um pneumotórax
espontâneo, a malformação artério-venosa ou alterações graves da coagulação.
. O hemotórax traumático é muito mais comum e pode ser uma situação de extrema urgência.
Mais importante que drenar o hemotórax, pode ser a estabilização hemodinâmica do doente e
a administração de volume.
. Se o hemotórax é de grandes dimensões (opacificação de todo um hemitórax), está contraindicada a colocação de um dreno fora do bloco operatório e o mais correcto será proceder a
uma toracotomia para controlar a causa da hemorragia.

Trauma
. Um doente politraumatizado com lesão torácica, dificuldade respiratória e enfisema
subcutâneo tem quase seguramente indicação para drenagem torácica urgente mesmo sem
outra avaliação prévia.
. No entanto deve dar-se prioridade à tentativa de estabilização hemodinâmica e respiratória e
devem obter-se RX que confirmem a indicação para drenagem.
. Um hemotórax maciço (opacificação de todo um hemitórax) pode estar a tamponar a fonte de
hemorragia e só deve ser drenado depois de estabilizar o doente ou com o apoio de um
cirurgião capaz de realizar uma toracotomia de urgência.

Empiema
. Empiema é uma colecção de líquido infectado, purulento no espaço pleural. Está
normalmente associado a uma pneumonia necrosante, um abcesso pulmonar ou a uma
infecção pleural pós toracotomia. Pode também ser secundário a uma ferida penetrante do
tórax ou ruptura do esófago.
. É essencial uma toracocentese para fazer o diagnóstico de empiema, que obriga sempre à
colocação de um dreno torácico.
. Se o líquido aspirado não for claramente purulento, um empiema é definido por uma glicose <> 1000 IU/ L.
. Um empiema está frequentemente septado e pode ser necessário definir, por ecografia ou
TAC a sua localização exacta.
. Um empiema que não resolve completamente com drenagem adequada e antibioterapia,
pode necessitar pleuroscopia, tratamento cirúrgico ou descorticação.
Derrame pleural
. Têm indicação para drenagem os derrames pleurais de grandes dimensões que causam
dispneia ou dificultam o desmame de ventilação mecânica.
. Os derrames volumosos devem ser drenados devagar (não mais que 1000 ml em 30‘), para evitar alterações de reexpansão (edema pulmonar) no pulmão colapsado.
. Se há recorrência do derrame com necessidade de drenagens repetidas (ex.: derrames neoplásicos), pode haver indicação para colocação de um dreno torácico com o objectivo de conseguir uma pleurodese. Faz-se a injecção de um agente esclerosante (ex.: tetraciclina), normalmente precedido da introdução de um anestésico (lidocaína ou bupivacaína).

Quilotórax
. É uma situação rara, normalmente secundária a lesão cirúrgica, trauma, invasão neoplásica ou punção inadvertida do canal torácico por tentativa de canalização da veia subclávia esquerda.
. Se tem dimensões apreciáveis, tem indicação para drenagem torácica numa tentativa de tratamento conservador. Cerca de 50% dos casos acabam por necessitar tratamento cirúrgico.

Escleroterapia
. Consiste na introdução no espaço pleural, através do dreno que serviu para drenagem completa do derrame que pretendemos tratar, de uma substância esclerosante que, levando à aderência dos folhetos parietal e visceral (pleurodese), evite a recorrência do derrame.
. Há várias substâncias utilizadas para “pleurodese química”, mas os melhores resultados parecem ser com a tetraciclina.

Contra-indicações
. Não há contra-indicações absolutas para a colocação de uma drenagem torácica, mas algumas contra-indicações relativas e algumas situações em que devem ter-se alguns cuidados.
. Se há alterações importantes da coagulação (aumento do TP, TTP ou trombocitopénia), estas devem ser corrigidas antes do procedimento.
. Numa situação de emergência, deve pelo menos administrar-se plasma fresco congelado ou concentrado plaquetário durante a colocação da drenagem.
. Em doentes com enfisema, pode, no RX de tórax, confundir-se uma grande bolha de enfisema com um pneumotórax. A colocação de um dreno não tem qualquer indicação nesta situação e é uma agressão desnecessária para o doente.
. Uma atelectasia importante com derrame pleural considerável pode ser consequência de oclusão de um brônquio lobar. No RX tórax há derrame pleural unilateral sem desvio do mediastino. Nestas situações, a drenagem rápida do derrame sem resolução prévia da obstrução, pode levar a desvio do mediastino com compromisso hemodinâmico.
. Nos doentes com toracotomia prévia, a inserção de um dreno intercostal deve ser feita com particular cuidado pela provável existência de aderências pleurais ou elevação do diafragma.
. Um hemotórax maciço pode ser contra-indicação para colocação de uma drenagem torácica
fora do bloco operatório. O sangue acumulado pode estar a tamponar a origem da hemorragia
e a inserção de um dreno pode precipitar uma hemorragia difícil de controlar. Nestas situações
é mais seguro ter o apoio de um cirurgião capaz de fazer uma toracotomia de urgência se necessário.

Procedimento
. Como em todos os procedimentos, devem sempre analisar-se os riscos e benefícios da colocação de um dreno torácico. Num pequeno pneumotórax após colocação de um cateter venoso central, a colocação de um dreno dependerá do compromisso respiratório e hemodinâmico do doente, enquanto que num grande traumatizado com pneumotórax é quase obrigatória a colocação urgente de uma drenagem.

Tabela 2. Material necessário para colocação de uma drenagem torácica
Bata, luva, máscara e touca esterilizadas
Campos e pensos esterilizados
Lidocaína a 1% ou 2%
Seringa 10 ml e agulhas 25 e 22 para anestesia
Seringa 10 ml e agulha para toracocentese
Sedas para sutura
Pinças de Kelly (2 grandes e 2 médias)
Tesoura ou lâmina
Taça para desinfectante
Compressas esterilizadas
Sistema de drenagem e aspiração com níveis líquidos apropriados
Tubo de drenagem (12 a 42 Fr)

. O material necessário (Tabela 2) deve estar sempre acessível na Unidade de Cuidados Intensivos. A escolha do tubo de drenagem depende do material a drenar. O tubo é de plástico
transparente com múltiplos orifícios laterais no seu terço distal e uma linha rádio-opaca ao longo de todo o comprimento, para identificar facilmente a sua localização na cavidade pleural.
. Para drenagem de um pneumo, hemo ou hemopneumotórax traumático deve utilizar-se um tubo largo (36 a 40 Fr), enquanto que para um pneumotórax espontâneo não complicado deve
usar-se um tubo de pequeno calibre (12 a 22 Fr).
. Há tubos de drenagem torácica com um guia de metal rígido, muito fáceis de usar se tivermos
presentes os cuidados a ter na sua colocação. Sobretudo não deve avançar-se o guia metálico após penetração na cavidade pleural, mas este deve apenas servir de suporte para fazer avançar o tubo de plástico. De outra forma há o risco de lacerar o parênquima pulmonar ou mesmo de deixar uma drenagem “intra-parenquimatosa”.

Sistema de drenagem
. Antes de colocar o dreno, devemos preparar o sistema de drenagem. Deve ser sempre um sistema fechado, os tubos devem ter calibre suficiente para drenar qualquer espécie de fluido e
devem adaptar perfeitamente para que não haja qualquer entrada de ar.
. O sistema mínimo de drenagem torácica inclui pelo menos um frasco com um nível de água
onde mergulha a extensão do dreno torácico e uma abertura para o exterior ou para um
sistema de aspiração contínua de baixa pressão.
. O sistema desejável de drenagem compõe-se de 3 frascos em sequência: o primeiro para drenar o conteúdo pleural, o segundo com um nível de água que previne o retorno de ar para a pleura durante a fase inspiratória de pressão negativa e o terceiro com um nível de água proporcional à pressão de aspiração que pretendemos. Há sistemas completos de 3 frascos comercializados numa única peça de plástico, muito seguros, cómodos e fáceis de transportar.

Técnica cirúrgica
. Sempre que possível deve fazer-se pré-medicação com um analgésico e um sedativo depois de explicar ao doente o procedimento a realizar.
- Local de inserção
1. Ar livre - o dreno é inserido no 4º ou 5º espaço intercostal, na linha axilar anterior. Esta incisão evita estruturas vitais e não implica a penetração dos músculos peitorais que pode ser dolorosa, difícil e inestética.
Fig.1 –Local de inserção de um dreno torácico para drenagem de ar ou líquido livres
2. Líquido livre – o dreno deve ser inserido na linha axilar anterior, abaixo do nível do líquido o que pode ser determinado pela clínica, RX tórax (Fig.1) ou, com mais precisão, por ecografia.
3. Ar ou líquido septados – o dreno tem de ser colocado no local da colecção pleural. Pode ter de ser num espaço intercostal posterior e pode necessitar do apoio de cirurgia.

- Posição do doente
Como os drenos intercostais são quase invariavelmente colocados na linha axilar anterior,
o doente deve estar posicionado em decúbito dorsal, com o hemitórax a drenar
ligeiramente elevado com uma almofada, e o membro superior flectido sob a cabeça e
preso para que mantenha sempre a mesma posição.

-Técnica
1. Desinfectar a pele com técnica cirúrgica e usar bata, touca, máscara e luvas esterilizadas.
2. Para confirmar o local adequado fazer sempre primeiro uma toracocentese no local de colocação do dreno.
3. Anestesiar a pele e tecido subcutâneo com Lidocaína a 1% ou 2%, num túnel ascendente que começa 1 ou 2 dedos abaixo do bordo superior do arco costal seleccionado.
4. Fazer uma incisão na pele e dissecar a gordura e tecido sub-cutâneo com tesoura de dissecção, no sentido ascendente. Deve fazer-se um túnel onde passe o indicador, injectando Lidocaína conforme necessário.
5. Quando se palpa o arco costal e a parede torácica através do túnel, deve injectar-se mais anestesia para infiltrar o músculo intercostal , o periósteo e finalmente a pleura, normalmente ao mesmo tempo que se aspira o conteúdo da cavidade pleural.
6. Com a tesoura de dissecção, abrir o músculo e a pleura de forma a poder introduzir o indicador para explorar a cavidade pleural, antes de introduzir o dreno (Fig.2).
7. Ter o cuidado de não ultrapassar o bordo superior do arco costal, para evitar o nervo e vasos intercostais que passam no bordo inferior do arco costal imediatamente superior.
8. Com o indicador, explorar a cavidade pleural à volta da incisão para excluir pulmão, diafragma ou aderências.
Fig. 2 Fig. 3
9. Medir e marcar o dreno torácico de forma a saber o comprimento preciso que deve ser introduzido: para drenar um peumotórax livre o dreno deve ser avançado em direcção ao vértice do pulmão, enquanto que para drenar líquido e tendo feito a inserção tão baixa quanto possível, deve orientar-se o dreno no sentido póstero-basal e introduzir na cavidade pleural apenas 2 ou 3cm de forma a favorecer a drenagem por gravidade.
10. Introduzir finalmente a extremidade do dreno, com o auxílio de uma pinça de Kelly, através
do túnel e até à marca feita previamente. Para avançar o dreno até ao vértice pulmonar, roda-se a pinça 180º após entrada na cavidade pleural (Fig.3). O dreno deve estar clampado na sua extremidade distal para evitar entrada de ar do exterior.
11. Fixar o dreno à pele com um ponto em “U” de forma a que, quando mais tarde se retire a drenagem, possa suturar-se a incisão no mesmo acto.
12. Conectar o sistema de drenagem previamente preparado e só depois disso desclampar o dreno.
13. Confirmar a saída de ar ou líquido, rítmica com a expiração do doente.
14. Confirmar com RX tórax um posicionamento adequado e uma drenagem eficaz com
reexpansão do pulmão.

Manutenção
. A drenagem torácica deve ligar-se a um sistema de aspiração de baixa pressão para evacuar eficazmente a cavidade pleural e promover a aderência de ambos os folhetos pleurais.
. A pressão utilizada é de cerca de 10 a 20 cm de água.
. Como com qualquer outro dreno ou procedimento invasivo, a drenagem só deve permanecer o tempo suficiente para drenar todo o ar ou líquido existente na cavidade pleural.
. Num pneumotórax mantem-se o dreno enquanto houver saída de ar e até controlo radiológico que confirme a reexpansão do pulmão. Se a tosse forçada não provoca qualquer saída de ar, pode manter-se aspiração durante mais 12 a 24 horas e retirar a drenagem.
. Num derrame pleural ou hemotórax, retira-se normalmente o dreno quando o volume drenado é inferior a 100 ml/24 horas.
. No caso de um empiema, deve obter-se completa resolução, radiológica e clínica, do processo infeccioso.
. Apesar de uma drenagem eficaz, o conteúdo da cavidade pleural pode organizar-se ou septar e justificar a realização de uma pleuroscopia, drenagem cirúrgica ou descorticação. A TAC torácica e a Ecografia são, nestes casos, de extrema utilidade para um diagnóstico correcto.

Bibliografia:
1. Thomas J. Iberti, MD, and Philip M. Stern, MD: Chest tube thoracostomy. In Procedures in the ICU - Critical Care
Clinics, 8(4):879, 1992
2. Pezzella TA, Marsicano TH: Chest tube insertion and care. In Rippe JM, Irwin RS, Alpert JS, et al (eds): Intensive
Care Medicine, ed.2. Boston, Little, Brown, 1991, p73
3. Swensen SJ, Peters SG, LeRoy AJ, et al: Radiology in the intensive care unit. Mayo Clin Proc 66(4):396, 1991
4. Light RW: Pleural diseases, ed.2. Philadelphia, Lea & Febiger, 1990
5. Miller KS, Sahn FA: Chest tubes: Indication, technique, management and complications. Chest 91:258, 1987

segunda-feira, 16 de junho de 2008

TOMADA DE DECISÃO EM ENFERMAGEM
















INTRODUÇÃO

Tomada de decisão, segundo Webster (1991), é “necessariamente escolher entre uma ou mais alternativas ou opções, com vistas a alcançar um resultado desejado”. É o processo que envolve decisões, escolhas tomadas com base em propósitos, sendo as ações orientadas para determinado objetivo e o alcance deste objetivo determina a eficiência do processo de tomada de decisão.
O processo de tomar decisões, como parte do trabalho dos administradores, foi destacado por diversos praticantes e estudiosos da administração, como Fayol e Mintzberg, ajuda a compreender o trabalho e a desenvolver as atividades de administrador.

Por causa dessa importância, o processo de tomar decisões firma-se como sendo uma disciplina com vida própria dentro do campo da administração. Assim sendo, diversas técnicas foram desenvolvidas, para tornar mais fácil e com mais qualidade a participação dos gerentes, como de outros profissionais dentro desse aspecto de trabalho. É crucial para as organizações, pois essa atividade acontece todo o tempo, em todos os níveis, e influencia diretamente a performance da organização. O Enfermeiro ao assumir um trabalho em instituições, se depara com situações diversas que lhe exigem conhecimentos, habilidades e atitudes coerentes, precisas e imparciais para uma tomada de decisões que venha ao encontro de seus valores pessoais e éticos e ao mesmo tempo que atenda aos objetivos e metas da organização.

A tomada de decisão deve ser coerente com uma filosofia de trabalho, de desenvolvimento de pessoal, do estilo de liderança adotado e de como o profissional se compromete com a profissão, com o seu grupo de trabalho e com a unidade. É um dos elementos de definição do perfil do Enfermeiro e complementa as atividades administrativas desempenhadas, como sendo a tarefa mais importante em todas fases do processo de trabalho, segundo Ciampone (1991) ,” a tomada de decisões é um dos fatos mais corriqueiros na atividades da enfermagem, por atuar como instrumento de apoio em todo o processo de trabalho.”


A Lei nº 7498, de 25 de junho de 1986, no Art. 11, inciso I, regulamenta o exercício profissional da Enfermagem no Brasil, especificando: “a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia de serviço e da unidade de Enfermagem; b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem.” O processo decisório permeia as funções do Enfermeiro, as atividades como o planejamento, a organização, a coordenação e a execução e avaliação dos serviços de enfermagem, sendo a tomada de decisão como uma das sua atividades mais essenciais e corriqueiras do processo de trabalho.
O Enfermeiro se depara com diversas situações que exigem conhecimentos, habilidades e atitudes coerentes e precisas para uma tomada de decisão, e ainda, que esteja em consonância com valores pessoais, éticos e institucionais.

OBJETIVO
Obter conhecimentos específicos sobre o tema proposto;
Aprimorar o reconhecimento da necessidade da atuação efetiva do Enfermeiro no exercício das funções administrativas;
Analisar as estruturas dos modelos de Processo de Tomada de Decisões no Gerenciamento em Enfermagem e de seu desenvolvimento.

MÉTODO
Foram consultados materiais bibliográficos como livros publicados entre o ano de 1991 a 2005, dissertações do ano de 2003 a 2006, leis do exercício profissional de enfermagem de 1986 e meios multimídias acessados no presente ano.

DESENVOLVIMENTO
PROCESSO DA TOMADA DE DECISÃO NA ENFERMAGEM
“Tomar decisões é um processo cognitivo complexo, frequentemente definido como a escolha de determinada linha de ação.” Em decorrência, “solucionar problemas é a parte da tomada de decisão. Por ser um processo sistemático que tem o foco na análise de uma situação difícil, solucionar problemas sempre inclui uma etapa da tomada de decisão.”(HUSTON; MARQUIS, 2005).
Portanto, a solução de problemas é parte da tomada de decisão, tenta identificar o problema, enquanto a tomada de decisão, quando relacionada a solução de problema, apenas age sobre a situação.
“Raciocinar criticamente, às vezes chamado pensamento reflexivo, está relacionado à avaliação , tendo um alcance mais amplo do que a tomada de decisão e a resolução de problemas.” (HUSTON; MARQUIS, 2005) .
Conforme Colucciello, 1997, “discernimento, intuição e disposição para agir são componentes do raciocínio crítico. Essas mesmas habilidades são necessárias, em certo grau, na tomada de decisões e na resolução de problemas.” Nota-se que o processo de tomada de decisão pode estar relacionado a solucionar um problema ou ao aproveitamento de uma oportunidade, e necessita de uma estruturação, baseada em análises críticas para a execução da decisão, e dependendo da complexidade, solucioná-los em ações rápidas e simples, ou permanentes e longas.
“A existência de alguns valores e conceitos influenciam na decisão. Aspectos como conhecimento científico, comunicação, experiências, rotinas e normas institucionais, ambiente, empatia, intuição determinam a ação do Enfermeiro e o seu posicionamento frente ao processo de tomada de decisão. Ao evidenciar estes aspectos, é fundamental a questão ética, pois orienta e conscientiza o profissional comprometendo-o para que seja tomada a conduta com honestidade e justiça nas ações cotidianas. Assim, todas as decisões e intervenções devem ser provindos de princípios éticos. Porém, a instituição de saúde representa um fator significativo, tomada de decisão de natureza ética não depende estritamente dos valores e crenças de indivíduos, mas, também, das organizações, que, através das suas culturas, constituem influência importante sobre o comportamento dos seus membros.” (KURCGANT, 2005)
Considerando os princípios éticos, há necessidade de refletir quanto à participação de outras pessoas durante as fases do processo de decisão. Nas decisões em grupo há perspectivas analíticas e intuitivas diversas, maiores visões de informações e dados resultando em uma decisão ética, justa, benéfica e mais adequada a todos os envolvidos, no entanto, a opção do processo de tomada de decisão em grupo ou individual está relacionada à necessidade da questão a ser resolvida.
MODELOS DE ETAPAS DO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO EM ENFERMAGEM
Algumas etapas devem ser percorridas quando se tem uma decisão a ser tomada. Podem-se citar dois referenciais da Enfermagem: Ciampone (1991) e Marquis; Huston (1999), ambos direcionam o processo da tomada de decisão, apresentando propostas de modelos de etapas.

CIAMPONE (1991) MARQUIS; HUSTON (1999)
1ª Etapa Percepção do problema Identificação do problema
2ª Etapa Definição do problema Geração de alternativas
3ª Etapa Coleta de dados Escolha
4ª Etapa Análise de dados Implementação
5ª Etapa Redefinição do problema
6ª Etapa Procura de ações alternativas
7ª Etapa Escolha de decisão
8ª Etapa Implementação
9ª Etapa Avaliação

Ciampone (1991) define nove etapas:
Percepção do problema: o processo decisório parte da percepção de que algo está fora da normalidade, nem sempre o problema está bem delimitado, é útil descrever objetivamente a situação inicial, como e o momento em que ocorreu. É importante descrever por escrito.
Definição do problema: tentativa de definir o problema em questão. Por não ter informações suficientes, é conveniente que a delimitação do problema seja feita na situação descrita sem deduções ou interferências. É importante que haja distinção entre o que é causa e o que é sintoma.
Coleta de dados: todos os envolvidos na situação devem ser ouvidos. O objetivo é colher informações detalhadas e registrá-las. A informação é a base para a decisão quanto ao que deve ser feito. Considera-se pontos como: administração; regulamento do pessoal; condições de trabalho; equipamentos; itens relacionados com a função exercida.
Análise de dados: distinção das informações relevantes, possibilitando o estudo do problema a ser identificado, procura-se chegar às causas e aos fatores da situação-problema. O objetivo é visualizar o problema segundo diferentes dimensões.
Redefinição do problema: tentar definir novamente definir qual é o problema, ou quais são os problemas.
Procura de soluções alternativas: com bases nessas informações, deve-se contemplar quais seriam as várias propostas de soluções alternativas de que se dispõe e quais as possíveis conseqüências de cada uma delas.
Escolha de decisão: compreende uma série de outras decisões que visam programar e controlar a implementação. São:
o Decisão intermediária: de natureza puramente executiva.
o Decisão de apelação: pressionadas pelos subordinados, quando ocorrem com frequência, refletem inadequação da estrutura administrativa.
o Decisão criativa: rompem os padrões vigentes, como a proposta de mudança de uma determinada rotina, inovando a forma de realização de tarefas.


Implementação e Avaliação: fundamentais para a execução da solução concretamente, é o momento de escolha em si, correspondem a uma série de decisões seqüenciais que visam à implementação da alternativa escolhida e posterior avaliação desta, na prática.
Marquis e Huston (1999) definem quatro etapas:
Identificação do problema: busca pela informações apropriadas e verídicas sobre a situação em questão. Os dados devem ser reunidos atentamente.
Geração de alternativas: a criação e elaboração de alternativas com argumentações críticas, as quais precisam ser fundamentadas para serem melhores analisadas e com cautela., Quanto mais alternativas geradas, maior possibilidade de decisão adequada. Conforme o número de pessoas que trabalham com o problema, maior será a quantidade de alternativas viabilizadas.
Escolha e Implementação: a escolha da solução, e na, a etapa de implementação da escolha, é preciso ação e coragem de enfrentar as conseqüências das escolhas. As decisões são passíveis de revisão, se mostrarem inadequadas, mesmo tendo consequências de longo prazo e efeitos de grandes proporções.
O modelo de Ciampone (1991) apresenta uma descrição mais detalhada, enquanto o modelo de Marquis; Huston (1999) mais suscinta, porém, ambos são consideradas importantes. A estrutura do processo de tomada de decisão por meio de um modelo de etapas auxilia a situação a ser resolvida, evidenciando a melhor solução, ajudando a estruturar e analisar o processo a ser percorrido, possibilitando chegar a melhor alternativa e incentivando ações.
Há diversos modelos de tomada de decisão e de análise de problemas. Cabe ao Enfermeiro escolher o modelo que conhece e que seja apropriado ao problema a ser resolvido. “O uso consistente de modelos ou processos irá aumentar a probabilidade de ocorrência de análise crítica. O cultivo de método científico, a qualidade de resolução do problema administrativo/de liderança e a tomada de decisão apresentarão significativa melhora.” (HUSTON; MARQUIS, 2005). “O conhecimento do processo decisório pelo enfermeiro pode ajudá-lo a adquirir maiores habilidades e atitudes mais seguras na tomadas de decisão.”(KURCGANT, 1991).
PERFIL DO ENFERMEIRO NA TOMADA DE DECISÃO
É necessário que o Enfermeiro tenha domínio do processo de trabalho e seja capaz de estabelecer relações significativas na instituição, e que contribua para uma tomada de decisão mais acertada e, consequentemente, para melhor resultado do trabalho. Para isso, faz-se necessário desenvolver habilidades gerenciais e capacidade de utilizar instrumentos; e a informação e o conhecimento são as bases para a tomada de decisão.
O profissional deve estar em constante desenvolvimento para acompanhar as inovações tecnológicas, com potencial para a resolução de problemas, capacidade de negociação, decisões criativas e inovadoras. Assim, é imprescindível que o Enfermeiro seja capaz de minimizar as dificuldades a que estão expostos e aprendam a lidar com a nova situação, podendo desempenhar, satisfatoriamente, seu papel no processo de tomada de decisão e garantir a qualidade da assistência em todos os níveis de atenção à saúde, planejando, organizando, gerenciando e avaliando o processo de trabalho em enfermagem - saúde, em parceira com outros profissionais.
Além de possuir competência técnica, é necessário o desenvolvimento de compromisso com o processo de gestão, que exige qualidades como a criatividade, a inovação, a intuição, a emoção, a capacidade de se relacionar e, principalmente, a capacidade de manter-se atualizado, incluindo a importância da postura ética que é essencial na posição do enfermeiro em suas funções administrativas, principalmente no processo de tomada de decisão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que o Enfermeiro deve estar em constante busca de competências para o desempenho de seu papel de administrador. O conhecimento científico, a preocupação com o desenvolvimento profissional contínuo, a visão global, o pensamento crítico faz com que o Enfermeiro esteja melhor preparado para exercer o processo de tomada de decisão.
Tomar decisão é fundamental no gerenciamento e faz parte da rotina diária, e o uso de modelos de etapas de tomada de decisão auxilia a entender e analisar uma situação, o processo de encontrar a melhor alternativa, e consequentemente, resultados e avaliação satisfatórias, levando a decisões acertadas.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRASCO. Disponível em: http://www.abrasco.org.br/cienciaesaudecoletiva/artigos- acessado em 07/09/2007.
BRASIL. Lei do Exercício Profissional da Enfermagem. Lei nº 7.498 de 25 de junho de 1986. Brasília (DF): 1986.
CIAMPONE, M. H. T.; KURCGANT, P. O Ensino de Administração em Enfermagem no Brasil: o processo de construção de competências gerenciais. Brasília (DF). Revista Brasileira de Enfermagem, 2004.
FORUM DE ENFERMAGEM. Disponível em http://www.forumenfermagem.org/art- acessado em 07/09/2007
GEOCITES. Disponível em:http://br.geocities.com/enfermagemweb/tomadadedecisao.htm- acessado em 07/09/2007.
KURGCANT, P. Administração em Enfermagem. - São Paulo: EPU, 1991.
KURGCANT, P. Gerenciamento em Enfermagem. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
LOURENÇO, M.R.. Desenvolvimento da competência em liderança na efetividade de saúde dirigido por enfermeiros. Teses: USP.
MARQUIS, B.L.; HUSTON, C.J. Administração e Liderança em Enfermagem. Teoria e Prática. 4ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2005.

sábado, 14 de junho de 2008

LAVAGEM E DESINFECÇÃO DAS MÃOS

Figura 1 - Exemplo de uma técnica correcta e lavagem sequencial das mãos. 6
As mãos são o principal veículo de transmissão dos microrganismos de um indivíduo para outro. Assim sendo, a lavagem das mãos é a principal medida de controlo da infecção nosocomial. Introdução: A pele das mãos tem dois tipos de flora microbiana: I - Flora transitória II - Flora residente
I A flora transitória fica localizada na superfície da pele e é formada por microrganismos que adquirimos no contacto com o ambiente quer seja animado ou inanimado. Qualquer tipo de microrganismo pode ser encontrado transitoriamente nas mãos, apesar de ser mais comum encontrar bacilos Gram negativo (p.ex. Escherichia coli e Pseudomonas) e cocos Gram positivo (p.ex. Staphylococcus) – os agentes bacterianos mais frequentemente causadores de infecção hospitalar. Têm um curto tempo de sobrevivência, um elevado potencial patogénico e são facilmente transmitidos por contacto. A lavagem das mãos com sabão simples remove-os com facilidade.
II A flora residente existe normalmente na epiderme onde se multiplica, tendo funções importantes de prevenção da colonização com a flora transitória. Aquela flora é constituída principalmente por bacilos e cocos Gram positivo e anaeróbios. Raramente causa doença a não ser quando introduzida traumaticamente nos tecidos ultrapassando as barreiras naturais, pelo que tem pouco significado nos procedimentos clínicos de rotina. Estes microrganismos não são facilmente removidos pela acção mecânica da lavagem das mãos sendo necessário recorrer à acção química de um anti-séptico associado ou não ao agente de lavagem.
1. Lavagem das mãos É a remoção da sujidade e da maior parte da flora transitória das mãos reduzindo-a a níveis baixos que não constituam risco de transmissão. Quando se devem lavar as mãos? De um modo geral as mãos devem ser lavadas antes e após contacto com os doentes ou após contacto com materiais contaminados. Há no entanto situações, em que, devido aos elevados riscos de adquirir ou transmitir microrganismos patogénicos, a lavagem das mãos se torna imprescindível : ⇒ Antes de prestar cuidados a doentes cujas barreiras naturais contra a infecção estejam comprometidas (p. ex. doentes com drenos, catéteres, etc.) ⇒ Antes de prestar cuidados a doentes particularmente debilitados. ⇒ Antes de manipular alimentos, medicamentos ou material esterilizado. ⇒ Após ocorrer contaminação das mãos com fluidos orgânicos. ⇒ Após manipular roupa suja ou materiais contaminados. ⇒ Após utilizar os sanitários. ⇒ Após remover as luvas - as mãos são muitas vezes contaminadas ao retirá-las e são frequentes as perfurações imperceptíveis. Como se devem lavar as mãos? ⇒ Utilizar sabão líquido com pH idêntico ao da pele, de preferência sem adição de perfumes (o sabão sólido é difícil de manter livre de contaminação em ambiente hospitalar) ; ⇒ Molhar as mãos e aplicar o sabão (ver quadro 1) de modo a obter espuma; ⇒ Friccionar durante 10 a 15 segundos tendo o cuidado de abranger todas as áreas das mãos (ver fig. 1); ⇒ Passar por água até retirar toda a espuma; ⇒ Secar bem em toalhetes de utilização única. Se a torneira for accionada manualmente deve utilizar-se o toalhete com que se limpou as mãos para a fechar, evitando assim a recontaminação destas. Devem lavar-se os doseadores do sabão líquido entre cada mudança de frasco e mantê-los secos se não forem para uso imediato.
1.1. Alternativa à lavagem das mãos Em situações em que as mãos se encontrem visivelmente limpas pode optar-se pela utilização de um soluto alcoólico (ver quadro 1) em vez de água e sabão. Foi comprovado que os solutos alcoólicos com emolientes apropriados são melhor tolerados pela pele do que as lavagens frequentes das mãos. A eficácia na redução da flora transitória é idêntica ou superior.
Modo de proceder: 􀂾Aplicar nas mãos secas 2 a 3 ml de soluto e friccionar todas as áreas das mãos (fig. 1) durante 15 segundos. 􀂾Deixar secar. 2. Desinfecção das mãos É a remoção da flora transitória e grande parte da flora residente das mãos. Quando se desinfectam as mãos? ⇒ Antes da execução de procedimentos invasivos. ⇒ Antes do contacto com doentes com imunossupressão grave. ⇒ Depois do contacto com doentes colonizados ou infectados por microrganismos multiresistentes .
Como se devem desinfectar as mãos? Pode proceder-se de dois modos: 􀂾Como o descrito para a lavagem das mãos utilizando um anti-séptico associado ao agente de lavagem como por exemplo clorohexidina a 4% (ver quadro 1). 􀂾Utilizando um soluto alcoólico durante 30 segundos nas mãos limpas ou após lavagem com sabão líquido simples. 3. Desinfecção cirúrgica das mãos É também uma remoção da flora transitória e redução da residente tendo em conta que nesta situação as áreas abrangidas são as mãos e antebraços até aos cotovelos. A lavagem e desinfecção das unhas é um passo essencial podendo ser feita com uma escova esterilizada mas apenas na primeira desinfecção das mãos antes do programa operatório. O uso frequente de escova leva a excessiva descamação da pele, que além de a danificar, traz para a superfície os microrganismos residentes.
Como se faz uma desinfecção cirúrgica das mãos? Tal como na desinfecção das mãos utiliza-se um anti-séptico associado ao agente de lavagem, ou sabão líquido seguido de um soluto alcoólico . ⇒ No primeiro caso devem-se friccionar as mãos e antebraços durante 1,5 minutos e repetir a operação durante 1,5 minutos. Seca-se depois com toalhetes esterilizados. ⇒ No segundo caso devem lavar-se as mãos e antebraços com sabão líquido, secar com toalhete (não necessita ser estéril) e aplicar soluto alcoólico, friccionando em todas as áreas das mãos e antebraços durante pelo menos 3 minutos e deixar secar. Dar especial atenção à aplicação do soluto nas zonas sub-ungueais. Uma eficaz lavagem e desinfecção das mãos implica: ⇒ Unhas curtas e sem verniz. ⇒ Ausência de anéis, pulseiras e relógios de pulso. ⇒ A utilização de uma técnica que abranja toda a superfície das mãos (fig.1).


quarta-feira, 11 de junho de 2008

Exames para o diagnóstico das perturbações do fígado e da vesícula biliar


Podem realizar-se vários exames para determinar as possíveis alterações do fígado, da vesícula e da vias biliares. Entre os mais importantes estão os exames de sangue conhecidos como exames da função hepática.

Consoante o problema que o paciente possivelmente apresenta, o médico também pode ordenar exames de imagens, como uma ecografia, uma tomografia axial computadorizada (TAC) ou um exame de ressonância magnética (RM). Também é possível obter uma amostra de tecido hepático para exame ao microscópio (biopsia do fígado).


Os exames de sopro praticados medem a capacidade do fígado para metabolizar diversas substâncias. Essas substâncias, que são assinaladas com um traçador radioactivo, podem ser administradas por via oral ou por via intravenosa. O nível de radioactividade encontrado no sopro do paciente é uma medida da quantidade de substância metabolizada pelo fígado.

Numa ecografia utilizam-se ondas sonoras para obter imagens do fígado, da vesícula e do tracto biliar. Este exame é melhor para detectar anomalias estruturais como os tumores do que para detectar anomalias difusas como a cirrose. A ecografia é a técnica mais económica, segura e eficaz na obtenção de imagens da vesícula e das vias biliares.

Por meio da ecografia, o médico pode detectar eficazmente os cálculos na vesícula e distinguir com facilidade a icterícia causada por uma obstrução do canal biliar da causada por uma disfunção celular hepática. A técnica ecográfica de Doppler vascular pode ser usada para mostrar a circulação nos vasos sanguíneos do fígado. A ecografia também é útil para guiar a agulha que o médico utiliza ao obter amostras de tecido para biopsia.

Para obter imagens com radionuclidos (isótopos radioactivos), injecta-se no organismo uma substância com um marcador radioactivo, que deverá ser absorvida por um órgão em particular. A radioactividade detecta-se mediante uma câmara de raios gama ligada a um computador que gera a imagem. A gamagrafia do fígado é um tipo de exploração com radionúclidos que utiliza as substâncias radioactivas absorvidas pelas células hepáticas. A colecintigrafia, outro tipo de exploração com isótopos radioactivos, aproveita as substâncias radioactivas excretadas pelo fígado nas vias biliares. Utiliza-se para detectar as inflamações agudas da vesícula biliar (colecistite).

A tomografia axial computadorizada (TAC) pode produzir excelentes imagens do fígado e é particularmente útil na detecção de tumores. Pode detectar alterações difusas, como o fígado gordo ou o tecido anormalmente denso do fígado causado por um excesso de ferro (hemocromatose).

Contudo, dado que na TAC se utilizam raios X e é um procedimento caro, não é tão frequente como a ecografia.

A ressonância magnética (RM) dá excelentes imagens, semelhantes às obtidas com a TAC. Contudo, existem algumas desvantagens: é mais cara que esta, demora mais que outros exames morfológicos e requer que se esteja numa câmara estreita, o que pode provocar claustrofobia em algumas pessoas.

A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) é um exame em que um endoscópio (um tubo óptico flexível) se introduz pela boca, através do estômago e do duodeno e chega até às vias biliares. Depois injecta-se uma substância radiopaca nos canais biliares e realizam-se radiografias. Este exame causa inflamação do pâncreas (pancreatite), em 3 a 5 por cento dos pacientes.

Numa colangiografia transhepática percutânea insere-se uma agulha através da pele até ao fígado e depois injecta-se uma substância radiopaca num dos canais biliares. O médico pode utilizar a ecografia para guiar a agulha. As radiografias mostram claramente as vias biliares, e em particular uma oclusão das mesmas no interior do fígado.

Na colangiografia peroperatória utiliza-se uma substância radiopaca visível com raios X. Durante uma intervenção cirúrgica, a substância injecta-se directamente nos canais das vias biliares. Desta maneira, aparecem nas radiografias imagens claras do tracto biliar.

Muitas vezes, as radiografias simples podem mostrar um cálculo biliar calcificado.

Técnicas radiológicas para avaliar as vias biliares
Estas três técnicas de diagnóstico usam uma substância de contraste radiopaca para delinear o tracto biliar nas radiografias.

FONTE: MANUAL MERK

Apneia de sono relacionada à perda de memória

Estudo constata desordem diminui células cerebrais tal como álcool faz ou a doença de Alzheimer.
(Fonte: University of California, Los Angeles, news releases, 11 de junho de 2008)

QUARTA-FEIRA, 11 de junho - Pessoas com apnéia do sono mostram perda de tecido de regiões cerebrais que ajudam a conservar memória - Califórnia, Los Angeles (UCLA)

"Os resultados demonstraram que a apneia pode levar a uma grave lesão cerebral que perturba a memória e o pensamento", investigador principal Ronald Harper, professor de neurobiologia na Faculdade de Medicina David Geffen na UCLA.

As pessoas com apnéia do sono, ao parar de respirar podem despertar várias vezes durante a noite, o que conduz a fadiga crónica diurna e problemas de memória e concentração. A pesquisa relaciona a apnéia do sono a um aumento do risco de acidente vascular cerebral, doença cardíaca e diabetes.

Neste estudo, a equipa da UCLA utilizou a ressonância magnética para monitorizar os cérebros dos pacientes com apneia do sono. Os pesquisadores focaram estruturas cerebrais chamados "mammillary bodies", localizadados na parte inferior do cérebro.

O estudo revelou que a "mammillary bodies" dos 43 pacientes com apneia do sono foram quase 20 por cento menor do que os de 66 pessoas sem apnéia. Os resultados serão publicados em 27 de junho.

A repetida falta de oxigénio durante a apnéia pode levar a uma lesão cerebral, Harper sugeriu. Observou que a falta de oxigénio durante um episódio apnéia pode causar a morte de células cerebrais.

"O tamanho reduzido do"mammillary bodies" sugere um evento nocivo, resultando na perda de células bastante significativas.

"Os resultados são importantes, porque os doentes que sofrem de perda de memória de outras síndromes, como o alcoolismo ou a doença de Alzheimer, também mostram "mammillary bodies"- Kumar, um pesquisador assistente em neurobiologia.

"Os médicos tratam a perda de memória em doentes alcoólicos com enormes quantidades de tiamina, ou vitamina B1. Suspeitamos que ajuda as células a recuperarem, permitindo que o cérebro possa usá-las novamente", disse Kumar.

Harper - Surgere um plano para analisar se devem tomar um suplemento de vitamina B1, de forma a, ajudar a restaurar memória nos doentes com apnéia do sono. A vitamina move glicose nas células, o que impede sua morte a partir da falta de oxigenio.

Mais informações
American Academy of Family

Problemas em recém-nascidos e lactentes



Problemas em recém-nascidos e lactentes

Um bebé que nasce no termo de gravidez permaneceu entre 37 e 42 semanas no útero; um nascido antes das 37 semanas é considerado prematuro, e um que tenha nascido depois das 42 semanas considera-se «nascido depois do termo» (ou pós-maturo). Nos três casos prevêem-se problemas de tipo diferente.

Prematuridade

A prematuridade é um processo que afecta o desenvolvimento do bebé nascido antes de se terem completado 37 semanas de gestação.

A prematuridade, especialmente no caso de ser extrema, é a causa principal dos problemas e inclusive da morte após o parto. Alguns dos órgãos internos do bebé podem não se ter desenvolvido completamente, o que o expõe a um risco maior de sofrer determinadas doenças.

Em geral, desconhece-se a razão pela qual um bebé nasce prematuramente. No entanto, o risco de um parto prematuro é maior nas mulheres solteiras com baixos rendimentos e escassa educação. O cuidado pré-natal inadequado, uma nutrição deficiente ou uma doença ou infecção não tratadas durante a gravidez também expõem a mulher a um elevado risco de parto prematuro. Por razões desconhecidas, as mulheres de etnia negra são mais propensas a ter um parto prematuro do que as pertencentes a outros grupos étnicos.

Se o cuidado médico se iniciar no começo da gravidez, o risco de parto prematuro diminui e, no caso de este se apresentar, melhora o prognóstico. Se as contracções prematuras e o parto precoce parecem evidentes, o médico pode administrar medicamentos obstétricos para deter o parto temporariamente e corticosteróides para acelerar a maturação dos pulmões do feto.

O desenvolvimento adequado dos pulmões é fundamental para o recém-nascido. Para que o bebé possa respirar por si mesmo, os sacos de ar (alvéolos) dos pulmões devem, no momento de nascer, encher-se de ar e permanecer abertos. Conseguem fazê-lo devido, em grande medida, a uma substância chamada surfactante, que se produz nos pulmões e reduz a tensão superficial. Os bebés prematuros não costumam produzir suficiente surfactante e, em consequência, os sacos de ar dos pulmões não permanecem abertos. Entre uma inspiração e outra, os pulmões sofrem um colapso completo. A doença resultante, a síndroma do distress respiratório , pode provocar outros problemas significativos, que em alguns casos chegam inclusive a ser mortais. Os bebés com esta síndroma requerem tratamento com oxigénio; se a doença é grave, põem-se num respirador artificial e tratam-se com surfactante, que pode administrar-se directamente mediante um tubo introduzido na garganta do bebé (traqueia).

Além de uns pulmões imaturos, um bebé prematuro tem um desenvolvimento cerebral incompleto, o qual contribui para pausas na respiração (apneia), devido a que o centro respiratório do cérebro pode ser imaturo. É possível utilizar medicamentos para reduzir a frequência da apneia e o bebé recuperar-se-á à medida que o cérebro amadureça. Um cérebro muito imaturo é vulnerável a hemorragias ou a lesões se se interromper o fornecimento de oxigénio ou de sangue. Mesmo quando existe hemorragia cerebral, a maioria dos bebés desenvolvem-se normalmente, a menos que apresentem uma lesão cerebral grave.

O desenvolvimento prematuro do cérebro pode impedir que o bebé chupe e engula normalmente. Muitos bebés prematuros alimentam-se por via endovenosa ao princípio e depois passam à alimentação com leite fornecido através de um tubo que chega ao estômago. Às 34 semanas de idade, devem ser capazes de tomar o leite do peito materno ou de um biberão. Inicialmente, o reduzido volume do estômago pode limitar a quantidade que se lhes pode administrar em cada lactação; quando é demasiada, o bebé vomita-a.

Os bebés prematuros são particularmente propensos a sofrer flutuações nos valores de açúcar (glicose) no sangue (quer sejam altos, quer baixos).

O sistema imunitário dos bebés prematuros não se encontra totalmente desenvolvido. Não receberam o complemento necessário de anticorpos contra as infecções, que a sua mãe lhes proporciona através da placenta. O risco de contrair infecções graves, sobretudo as que afectam o fluxo sanguíneo (sepse), é consideravelmente mais alto nos bebés prematuros do que nos nascidos no termo. Também são mais propensos a contrair enterocolite necrosante (uma inflamação muito grave do intestino).

Antes do nascimento, os produtos de dejecção do feto atravessam a placenta e são expulsos pela mãe. Depois do parto, os rins e o intestino devem encarregar-se desta função. A função renal do bebé sumamente prematuro é limitada, mas melhora à medida que os rins amadurecem. Depois do parto, o bebé necessita um funcionamento hepático normal, além do intestinal, para expulsar bilirrubina (pigmento amarelo derivado da destruição normal dos glóbulos vermelhos) pelas fezes. A maioria dos recém-nascidos, sobretudo os prematuros, apresentam um aumento temporário na concentração de bilirrubina no sangue que pode causar icterícia. Esse aumento produz-se porque a sua função hepática carece de suficiente maturidade e, além disso, porque não possuem a mesma capacidade de ingerir alimentos e têm menos movimentos intestinais do que os bebés mais velhos. Os níveis muito altos de bilirrubina podem produzir querníctero, uma forma de lesão cerebral. No entanto, a maioria dos bebés tem algo de icterícia, que não é grave e desaparece à medida que melhoram tanto a sua alimentação como os seus movimentos intestinais.

Habitualmente, os bebés prematuros são colocados numa incubadora, já que perdem calor rapidamente e têm dificuldades para manter a temperatura normal do corpo.



Traços físicos de uma criança prematura
  • Tamanho pequeno.
  • Baixo peso ao nascer.
  • Veias visíveis sob a pele.
  • Pouca gordura sob a pele.
  • Pouco cabelo.
  • Orelhas finas e moles.
  • Cabeça relativamente grande.
  • Pouco desenvolvimento do tecido pulmonar.
  • Músculos fracos e actividade física reduzida (uma criança prematura tende a não mexer os braços e as pernas como uma criança nascida no fim do tempo o faz).
  • Poucos reflexos de sucção e deglutição.
  • Respiração irregular.
  • Escroto pequeno, com poucas pregas (meninos).
  • Os lábios grandes ainda não cobrem os lábios pequenos (meninas).

Bebé nascido depois do termo

Os nascimentos depois do termo (pós-maturidade) são aqueles em que a gravidez dura mais de 42 semanas.

Em geral, desconhece-se a razão pela qual um feto permanece no útero durante um período superior à duração normal (entre 38 e 42 semanas).

A placenta começa a encolher-se e a sua função diminui à medida que a gravidez se aproxima do seu fim (40 semanas), a qual se acentua no decurso das semanas posteriores ao termo deste prazo. O feto pode ter de usar as suas próprias reservas de gordura e hidratos de carbono para obter energia, posto que a placenta é cada vez menos capaz de proporcionar-lhe os nutrientes necessários. Em consequência, o índice de crescimento diminui. Se a placenta não pode proporcionar suficiente oxigénio durante o parto, pode produzir-se sofrimento fetal, que expõe o feto a um risco de lesão cerebral e de outros órgãos. Esta lesão é provavelmente o maior risco para um bebé pós-maturo e para prevenir tais problemas muitos médicos induzem o parto se a gravidez exceder as 42 semanas.

Existem vários problemas característicos dos bebés nascidos depois do termo. São propensos a ter baixas concentrações de açúcar (glicose) no sangue depois do parto, porque as reservas de energia reduzem-se no momento do nascimento e podem ser inclusive mais baixas se o fornecimento de oxigénio durante o parto foi escasso. Estes bebés também são mais propensos a desenvolver a síndroma de aspiração de mecónio.

Bebé pequeno para a sua idade gestacional

Um bebé mais pequeno do que o normal para o tempo que passou no útero, quer seja prematuro, quer nascido no termo ou pós-maturo, considera-se pequeno para a sua idade gestacional.

Um recém-nascido pode ser pequeno ao nascer devido a factores hereditários (pais pequenos ou uma perturbação genética) ou porque a placenta não funcionou bem e não forneceu ao feto nutrientes e oxigénio suficientes. A placenta pode ter funcionado mal se durante a gravidez a mãe tinha a tensão arterial alta, uma doença renal ou diabetes muito avançada. As mães adictas aos narcóticos, à cocaína ou que tenham sido alcoólicas ou muito fumadoras também tendem a ter bebés pequenos para a sua idade gestacional. Com menos frequência, a infecção da mãe e do feto por citomegalovírus, o vírus da rubéola, ou pelo Toxoplasma gondii pode interferir no crescimento do feto.

Independentemente do tamanho, os bebés pequenos para a sua idade gestacional habitualmente apresentam o mesmo comportamento que os bebés normais. Ao contrário de um bebé prematuro, um bebé pequeno para a sua idade gestacional, mas nascido no termo, tem os órgãos internos totalmente desenvolvidos. Se o crescimento do bebé se atrasou devido a uma nutrição inadequada enquanto estava no útero, pode recuperar-se rapidamente depois do parto recebendo a nutrição adequada.

Um feto que tenha crescido lentamente devido a um mau funcionamento da placenta pode ser que não receba suficiente oxigénio durante o parto. Durante cada contracção, as artérias da mãe que se dirigem à placenta comprimem-se no ponto em que atravessam a parede uterina, com o que flui menos sangue através delas. Se a função da placenta estava no limite antes do parto, a reduzida irrigação sanguínea durante o mesmo pode pôr em perigo o fornecimento de oxigénio e lesar o feto. Habitualmente, a frequência cardíaca do feto fica mais lenta durante as contracções do parto. Se demora a voltar à velocidade normal (aceleração tardia) ou não varia com os movimentos do feto, isso indica que o fornecimento de oxigénio é inadequado. Quando há evidência de sofrimento fetal, o parto deve ser realizado rapidamente, frequentemente por cesariana.

Um bebé que durante o parto não recebe suficiente oxigénio pode verter os seus dejectos (mecónio) no líquido amniótico. Se o bebé aspira líquido que contém mecónio, os seus pulmões são afectados. O mecónio aspirado pode tapar algum brônquio, causando um colapso em várias zonas dos pulmões; também pode ocasionar inflamação ou pneumonite. Ambos os problemas fazem com que a função pulmonar seja insuficiente.

Tal como o bebé pós-maturo, o pequeno para a sua idade gestacional é mais propenso a apresentar baixas concentrações de açúcar (glicose) no sangue (hipoglicemia) as primeiras horas e os primeiros dias posteriores ao parto, por não ter armazenado suficiente glicose durante a gestação.

Bebé grande para a sua idade gestacional

Um bebé que pesa mais do que o normal para o tempo que passou no útero, quer seja prematuro, quer nascido no termo ou pós-maturo, é considerado grande para a sua idade.

A razão principal pela qual um bebé pode ser anormalmente grande, à parte os factores hereditários, é a diabetes da mãe durante a gravidez. O açúcar (glicose) do sangue da mãe entra na placenta e, como resposta a uma elevada concentração de glicose, o pâncreas do feto produz uma grande quantidade de insulina. Este facto fá-lo crescer excessivamente. Quanto menor seja o controlo da diabetes da mãe, maior será o bebé. O seu tamanho pode dificultar o parto vaginal e aumentar as possibilidades de ser lesado. Por esta razão, é provável que um bebé grande para a sua idade gestacional nasça por cesariana.

Ao nascer, quando se corta o cordão umbilical, a glicose da mãe deixa repentinamente de passar ao bebé, mas os valores de insulina deste ainda são elevados. É então possível que as concentrações de glicose no sangue do bebé desçam rapidamente, causando hipoglicemia ao cabo de uma ou duas horas depois do parto. O bebé pode não apresentar nenhum sintoma de hipoglicemia, pode estar nervoso, apático, debilitado ou sonolento, pode mamar muito pouco e inclusive pode ter convulsões. O controlo da diabetes da mãe contribui para prevenir a hipoglicemia do bebé. Os valores de glicose no sangue do bebé são controlados atentamente e, se for necessário, administra-se-lhe glicose endovenosa nas horas posteriores ao parto.

Os bebés de mães diabéticas apresentam valores anormalmente altos de glóbulos vermelhos. Por conseguinte, são propensos a desenvolver quantidades elevadas de bilirrubina no sangue (pigmento amarelo formado durante a normal destruição de glóbulos vermelhos), que produz icterícia. Esta doença pode exigir tratamento com fototerapia [exposição a luzes de bilirrubina só em raras ocasiões se requer uma mudança total do sangue (exanguinotransfusão).

Os bebés nascidos de mães diabéticas são mais propensos a ter pulmões imaturos e a desenvolver a síndroma de distress respiratório, mesmo que nasçam após uma gravidez consideravelmente prolongada. As análises do líquido amniótico realizadas antes da indução do parto provocado podem determinar se os pulmões do feto amadureceram.




Traços físicos da criança pós-matura
  • Medida de um bebé nascido no fim do tempo, mas de baixo peso, o que lhe confere um aspecto magro.
  • Maduro, parece vivaz.
  • Pouca gordura sob a pele, pelo que esta pode ficar pendurada flacidamente nos braços e pernas.
  • Pele seca, tendendo a descamar-se.
  • Unhas compridas dos dedos pés e das mãos.
  • As unhas dos dedos das mãos e dos pés e o cordão umbilical podem estar manchados de verde ou castanho por causa do mecónio (defecação realizada antes do nascimento).

Lesões produzidas durante o nascimento

Os ossos da pelve da mãe constituem o canal do parto. Habitualmente, um bebé conta com suficiente espaço para atravessá-lo. No entanto, se o canal é pequeno ou se o feto é grande (como acontece frequentemente com as mães diabéticas), a passagem através do mesmo pode ser díficil ou produzir lesões. Quando os exames determinam que o bebé é demasiado grande para o canal de nascimento da mãe, o emprego de cesariana em vez de fórceps reduz o risco de lesão.

Praticamente qualquer parte do recém-nascido pode lesionar-se durante o parto. Em geral, as lesões são ligeiras e curam-se rapidamente. Os hematomas são frequentes e não comportam consequências. Os ossos do crânio do feto não se encontram unidos para que a cabeça possa moldar-se ao canal de parto enquanto o atravessa. É completamente normal que a cabeça se deforme, embora a sua forma volte à normalidade ao cabo de poucos dias. As lesões graves na cabeça são pouco frequentes e, na actualidade, as lesões traumáticas na cabeça são extremamente raras. Os nervos podem sofrer distensões durante um parto difícil, sobretudo os dos braços, produzindo-se uma debilidade temporária ou permanente do braço (paralisia de Erb). Em certos casos, produzem-se fracturas, sobretudo do osso do pescoço, mas regra geral curam-se rapidamente, sem nenhum problema residual.

Síndroma do distress respiratório

A síndroma do distress respiratório (denominado antigamente, doença da membrana hialina) é uma perturbação respiratória pela qual os sacos de ar (alvéolos) que se encontram nos pulmões do bebé não podem permanecer abertos devido a uma alta tensão superficial derivada de uma insuficiente produção de surfactante.

Para que um bebé possa respirar por si mesmo, os sacos de ar dos pulmões devem ser capazes de permanecer abertos e encher-se com ar depois do nascimento. Isto realiza-se principalmente graças a uma substância chamada surfactante, que é produzida pelas células dos sacos de ar e reduz a tensão superficial. O surfactante produz-se à medida que os pulmões do feto amadurecem, frequentemente por volta das 34 e quase sempre 37 semanas de gestação.

A síndroma de distress respiratório produz-se quase exclusivamente nos bebés prematuros (quanto mais prematuro é o bebé, maior é a possibilidade de que apresente esta síndroma). Esta perturbação afecta marioritariamente os bebés de mães diabéticas.

Sintomas e diagnóstico

Os bebés muito prematuros podem ser incapazes de começar a respirar porque sem o surfactante os pulmões estão demasiado rígidos. Os bebés de tamanho ligeiramente maior podem começar a respirar, mas, como os pulmões tendem a colapsar-se, produz-se um distress respiratório. Nestes bebés, a respiração é rápida e difícil, com avermelhamento dos orifícios nasais; contraem a parede torácica e emitem ruídos como grunhidos ao expirar. O distress pode começar imediatamente depois do parto ou algumas horas mais tarde. Se a síndroma de distress respiratório é grave, os músculos respiratórios finalmente ficam extenuados, a respiração torna-se ainda mais deficiente e os tecidos não recebem o oxigénio suficiente, motivo pelo qual a pele aparece azulada. Sem tratamento, um bebé com um síndroma de distress respiratório pode falecer.

O diagnóstico da síndroma de distress respiratório baseia-se na história clínica da mãe (por exemplo, parto prematuro ou diabetes), numa exploração física do bebé ao nascer e numa radiografia do tórax onde se observe que os pulmões do bebé não estão completamente expandidos.

Complicações

Quando os pulmões estão rígidos, requer-se mais pressão para expandi-los, proveniente do próprio bebé ou de um respirador artificial. Em consequência, o pulmão pode rebentar, deixando que o ar se escape para a cavidade torácica. Este ar produz um colapso pulmonar e prejudica a ventilação e a circulação. O colapso pulmonar (uma situação denominada pneumotórax) habitualmente requer tratamento imediato. Este tratamento consiste na extracção do ar do tórax com uma seringa e uma agulha e posteriormente coloca-se no peito do bebé um tubo cujo extremo se situa debaixo de um nível de água, para que o ar libertado não retroceda e volte a acumular-se.

Além disso, os bebés com síndroma de distress respiratório correm maior risco de sofrer hemorragia cerebral. Este risco é muito maior se a mãe foi tratada com corticosteróides antes do parto.

Prevenção e tratamento

O risco de síndroma de distress respiratório reduz-se amplamente se o parto se atrasar até que os pulmões do feto tenham produzido suficiente surfactante. Se um feto corre o risco de nascer prematuramente, pode realizar-se uma amniocentese para obter uma amostra do líquido amniótico na qual podem determinar-se os valores de surfactante.

Se o médico considerar que os pulmões do feto são prematuros mas que o parto não pode atrasar-se, pode administrar à mãe um corticosteróide pelo menos 24 horas antes do momento previsto para o parto. O corticosteróide atravessa a placenta até chegar ao feto e estimula os seus pulmões para que produzam surfactante.

Depois do parto, uma criança com síndroma de distress respiratório ligeiro pode necessitar somente de permanecer numa câmara de oxigénio.

Pode administrar-se-lhe um surfactante similar ao natural directamente por gotejo através de um tubo colocado na traqueia. Isto aumenta a possibilidade de sobrevivência ao reduzir a gravidade da síndroma de distress respiratório e o risco de complicações tais como a ruptura pulmonar. O surfactante pode administrar-se imediatamente depois do nascimento a uma criança muito prematura susceptível de desenvolver a síndroma, ou então enquanto aparecem os sinais da mesma. O bebé é controlado minuciosamente para se ter a certeza de que tolera o fármaco surfactante e de que a sua respiração vai melhorando. Os tratamentos podem continuar durante vários dias, até que a criança comece a produzir o seu próprio surfactante.

Taquipneia transitória

A taquipneia transitória (respiração rápida transitória, síndroma neonatal do pulmão húmido) é uma situação transitória de distress respiratório e baixos valores de oxigénio no sangue, que não é tão grave como a síndroma de distress respiratório.

Em geral, o líquido dos pulmões do feto absorve-se rapidamente depois do nascimento. A taquipneia transitória deriva de uma absorção tardia do mesmo. As crianças com taquipneia transitória nascem no termo ou quase e geralmente por cesariana. Pouco depois do parto, o bebé começa a respirar rapidamente, emite grunhidos e contrai a parede torácica ao inalar. A pele da criança pode tornar-se azulada (cianótica) por falta de oxigénio no sangue. Na radiografia do tórax observa-se líquido nos pulmões.

O oxigénio costuma ser o único tratamento necessário, embora algumas crianças possam requerer pressão respiratória positiva contínua (respiração contra uma pressão que provém de uns tubos introduzidos nos orifícios nasais) ou a assistência de um respirador artificial. A maioria das crianças recupera completamente num prazo de 1 a 3 dias quando o líquido pulmonar foi absorvido.

Apneia do prematuro

A apneia do prematuro é uma doença na qual o recém-nascido deixa de respirar transitóriamente e costuma definir-se como uma interrupção da respiração de 15 a 20 segundos.

A apneia do prematuro pode apresentar-se em crianças nascidas antes das 34 semanas de gravidez e aumenta a sua frequência entre os nascidos prematuramente. Considera-se que a causa é a prematuridade da parte do cérebro que controla a respiração (o centro respiratório). A obstrução das vias respiratórias superiores, unida a uma imaturidade, também pode interferir na respiração. Ocasionalmente, o refluxo gastroesofágico, devido ao qual os conteúdos ácidos do estômago retrocedem (refluxo) para dentro do esófago, pode estimular um reflexo que origina a apneia.

Sintomas

Frequentemente, os períodos de apneia aparecem dentro dos primeiros dias depois do parto. A criança pode padecer episódios de respiração regular com breves pausas (respiração periódica). Se as pausas durarem mais de 20 segundos, os valores de oxigénio no sangue podem baixar, causando uma coloração escura ou azulada da pele e uma diminuição da frequência cardíaca.

Tratamento

Manter a cabeça e o pescoço do bebé em linha recta enquanto está de barriga para cima, ou colocá-lo de lado, ajuda a evitar a obstrução das vias respiratórias. Se os episódios de apneia continuarem, particularmente se a criança ficar azul por falta de oxigénio ou a frequência cardíaca diminuir, podem administrar-se-lhe fármacos como a aminofilina ou a cafeína. Estes fármacos estimulam o centro respiratório do cérebro, facilitando uma respiração mais continuada e produzindo-se menos episódios de apneia. Se estes continuarem a ser graves, pode administrar-se um segundo fármaco, como o doxapram. Se o problema piora, pode ser necessário recorrer à pressão respiratória positiva contínua ou colocar um respirador artificial.

O refluxo gastroesifágico trata-se espessando o leite que a criança toma com cereal de arroz e elevando a cabeceira da cama.

Algumas vezes podem usar-se medicamentos para reduzir a frequência do refluxo.

A maioria das crianças prematuras deixa de padecer episódios de apneia antes de chegar ao termo da sua idade de gestação considerada como final (com frequência 34 semanas depois do começo da gravidez) e, quando se lhes dá alta, já superaram o problema completamente. Algumas vezes, as crianças prematuras de maior tamanho que ainda padeçam episódios de apneia são enviadas para casa com um aparelho que controla a respiração ou a frequência cardíaca.

Hipertensão pulmonar

A hipertensão pulmonar (uma pressão do sangue nos pulmões elevada) é uma alteração pela qual os vasos sanguíneos que se encontram nos pulmões do recém-nascido se contraem e limitam gravemente a circulação sanguínea no seu interior. Em consequência, os valores de oxigénio no sangue diminuem de maneira alarmante e a doença pode pôr em perigo a vida do bebé.

O sangue do bebé não necessita circular através dos pulmões para ser oxigenado visto que o feto não respira ar. Por isso, grande parte do seu sangue passa directamente do lado direito do coração para o lado esquerdo através de uma comunicação entre as aurículas (forâmen oval). A maior parte do sangue que continua através do lado direito do coração passa da artéria pulmonar à aorta através de um vaso sanguíneo que as une (ductus arteriosus). Só uma pequena fracção de sangue do lado direiro do coração atravessa os pulmões. No momento do nascimento, o forâmen oval e o ductus arteriosus normalmente fecham-se e o sangue do lado direito do coração flui através dos pulmões. No entanto, em alguns bebés recém-nascidos os vasos sanguíneos que se encontram nos pulmões contraem-se e então o forâmen oval permanece aberto, o que pode também seceder com o ductus arteriosus. Quando isto acontece, a maior parte do sangue bombeado pelo lado direito do coração não passará pelos pulmões (como acontece normalmente no feto), dando lugar a níveis muito baixos de oxigénio no sangue.

A hipertensão pulmonar apresenta-se mais frequentemente em crianças pós-maturas ou naquelas cujas mães ingeriram grandes doses de aspirina ou indometacina durante a gravidez. Com frequência surge em crianças que padecem outras doenças pulmonares, como a síndroma de aspiração de mecónio ou pneumonia, mas também pode desenvolver-se em crianças cujos pulmões não apresentam nenhuma outra anomalia.

Tratamento

Uma criança com hipertensão pulmonar costuma ser colocada num ambiente que contenha oxigénio a 100 %, regra geral, ligado a um respirador artificial. Pode administrar-se-lhe bicabornato de sódio por via endovenosa. Ambos os tratamentos facilitam a dilatação (abertura) dos vasos sanguíneos que se encontram nos pulmões. Talvez seja necessário manter a pressão do sangue do resto do corpo da criança com líquidos ou medicamentos; caso contrário, a baixa pressão do sangue no resto do corpo ocasionará um menor fluxo sanguíneo nos pulmões porque aumentará a passagem de sangue do lado direito ao esquerdo do coração.

Nas crianças mais gravemente doentes é possível utilizar uma técnica conhecida pelo nome de oxigenação através de uma membrana extracorpórea, até que se resolva a hipertensão pulmonar. Por meio desta técnica faz-se circular o sangue da criança através de uma máquina cardiopulmonar (membrana oxigenadora) que lhe acrescenta oxigénio e lhe retira dióxido de carbono; o sangue assim oxigenado regressa à criança. Está em investigação um novo tratamento pelo qual se faz respirar à criança uma concentração muito baixa de óxido nítrico, que dilata os vasos sanguíneos dos pulmões.

Síndroma de aspiração de mecónio

A síndroma de aspiração de mecónio origina-se quando um feto aspira mecónio, o que pode obstruir as vias respiratórias e irritar os pulmões.

O mecónio é a matéria verde-escura que se encontra no intestino de um feto de 36 semanas de gestação. A modo de resposta a qualquer causa de sofrimento, como uma oxigenação inadequada através da placenta, o feto excreta mecónio no líquido amniótico. O feto em sofrimento também abre a boca energicamente, aspirando nos seus pulmões o líquido contaminado. Depois do nascimento, o mecónio pode obstruir as vias respiratórias, causando o colapso dos sacos de ar (alvéolos) abastecidos por elas. Da mesma maneira, o ar inalado pode ficar preso em certas zonas abastecidas por brônquios parcialmente obstruídos e isto causa hiperinsuflação pulmonar. A hiperinsuflação pode provocar a ruptura do pulmão e o seu posterior colapso (pneumotórax).

A síndroma de aspiração de mecónio é geralmente muito grave nos bebés pós-maturos, já que estiveram rodeados de uma menor quantidade de líquido amniótico.

Em consequência, o mecónio aspirado é mais espesso e pode obstruir mais facilmente as vias respiratórias.

Tratamento

As tentativas para prevenir a síndroma de aspiração de mecónio começam na sala de parto. O médico aspira de imediato a boca, o nariz e a garganta do recém-nascido para eleminar qualquer líquido que contenha mecónio. Seguidamente pode colocar-se um tubo na traqueia do recém-nascido para que seja possível aspirar o resto.

Na maternidade, os pulmões da criança aspiram-se artificialmente sob um controlo estrito para o caso de se apresentarem complicações como hipertensão pulmonar persistente ou pneumotórax.

Pneumotórax

O pneumotórax é uma acumulação de ar na cavidade do toráx que rodeia o pulmão e que provoca um colapso pulmonar.

Numa criança com pulmões rígidos, sobretudo a que respira assistida por um respirador artificial, pode filtrar-se ar dos sacos aéreos para o tecido conjuntivo pulmonar e daí para as partes moles localizadas entre o pulmão e o coração (este estado denomina-se pneumomediastino). Habitualmente não afecta a respiração e não requer tratamento algum. No entanto, o pneumomediastino pode progredir até transformar-se num pneumotórax.

O pneumotórax desenvolve-se quando o ar passa para a cavidade torácica que rodeia o pulmão (espaço pleural), com a possibilidade de que este possa ser comprimido. Um colapso parcial do pulmão pode não ter sintomas nem requerer tratamento algum. No entanto, quando o pulmão colapsado está muito comprimido, pode representar uma grave ameaça para a vida, particularmente numa criança com uma doença pulmonar grave. O ar preso pode colapsar fortemente o pulmão, dificultando a respiração e obstruindo a circulação do sangue dentro da cavidade torácica. Nesse caso, o ar que rodeia os pulmões deve aspirar-se rapidamente mediante uma agulha ou um tubo.

Displasia broncopulmonar

A displasia broncopulmonar é a lesão pulmonar causada pelo respirador artificial.

As crianças que permanecem ligadas a um respirador artificial durante muito tempo, habitualmente mais de uma semana, podem desenvolver uma displasia broncopulmonar. Esta doença observa-se com mais frequência nas crianças prematuras. Para prevenir esta afecção, o respirador artificial só deve utilizar-se quando seja absolutamente necessário e durante o menor tempo possível.

A lesão provavelmente produz-se como consequência de os espaços aéreos sofrerem um estiramento exagerado por causa da alta pressão requerida para encher os pulmões e pela alta concentração de oxigénio fornecido. Estes factores podem causar uma inflamação dos pulmões. Depois de várias semanas de inflamação, desenvolvem-se áreas com cicatrizes.

O tratamento consiste em retirar o respirador artificial de forma progressiva. Uma boa nutrição é essencial para curar os pulmões e favorecer o crescimento do novo tecido pulmonar saudável. A restrição do consumo de líquidos pode ser benéfica devido a que estes tendem a acumular-se nos pulmões inflamados; também pode ajudar o uso de diuréticos com o fim de aumentar a eliminação de líquido do corpo.

Em raras ocasiões, as crianças com displasia broncopulmonar morrem inclusive depois de vários meses de tratamento. Nas que sobrevivem, os problemas respiratórios diminuem gradualmente. No entanto, estas crianças correm um grande risco de contrair pneumonia, especialmente viral, durante os primeiros anos de vida.

Retinopatia do prematuro

A retinopatia do prematuro é uma doença na qual os vasos sanguíneos que se encontram na parte posterior dos olhos (retina) se desenvolvem anormalmente nas crianças prematuras; estes vasos sanguíneos podem sangrar e, nos casos mais graves, a retina pode desprender-se, causando a perda da visão.

No feto, os vasos sanguíneos que irrigam a retina crescem a partir do centro da mesma e alcançam as margens exteriores só quando a gravidez já está avançada. Em consequência, não alcançam um desenvolvimento completo nas crianças prematuras. Embora estes vasos continuem a crescer depois do nascimento, às vezes fazem-no de forma desorganizada, causando a retinopatia do prematuro. O principal factor de risco para contrair esta doença é a prematuridade extrema; os elevados valores de oxigénio no sangue, produzidos pelo tratamento de alguma doença respiratória, podem elevar o risco.

Prevenção e tratamento

O bom cuidado pré-natal reduz o risco de prematuridade. Se a criança é prematura e tem problemas respiratórios, controla-se cuidadosamente o fornecimento de oxigénio para evitar um aumento excessivo deste no sangue.

Os olhos dos bebés prematuros submetem-se a um controlo exaustivo por volta das 6 semanas depois do nascimento e depois, cada poucas semanas, até ao completo crescimento dos vasos sanguíneos da retina. As mudanças ligeiras produzidas pela retinopatia do prematuro costumam curar-se de forma espontânea; Não obstante, o médico continua a fazer controlos dos olhos. Mesmo quando a criança recupera da retinopatia, corre um risco elevado de contrair miopia, desvio dos olhos (estrabismo) e pouca visão. As crianças com uma retinopatia muito grave têm um risco elevado de sofrer desprendimento de retina.

Nos casos de retinopatia prematura muito grave, a crioterapia (congelação das porções periféricas da retina) pode reduzir o risco de desprendimento de retina e perda da visão. As crianças com cicatrizes produzidas pela retinopatia já curada devem submeter-se a controlos oculares durante toda a vida, pelo menos uma vez por ano. O tratamento de qualquer anomalia visual no primeiro ano de vida é a base para ter boa visão no futuro. O desprendimento de retina pode ser corrigido em certos casos se se detectar precocemente; não sendo assim, a criança pode perder a visão do olho afectado.

Problemas da alimentação e digestão

Os problemas intestinais e de alimentação mais frequentes no recém-nascido não são graves. Costumam resolver-se espontaneamente ou então podem tratar-se adaptando os hábitos alimentares.

Regurgitação e vómitos

As crianças costumam bolsar (regurgitar) quantidades de leite enquanto se alimentam ou pouco depois da mamada, geralmente quando arrotam, e isto é considerado normal. Às vezes a regurgitação produz-se por uma ingestão de líquidos demasiado rápida que favorece que engulam ar. Nas crianças alimentadas com biberão a regurgitação pode reduzir-se utilizando biberões com tetinas mais firmes e buracos mais pequenos. Fazer arrotar a criança mais frequentemente durante as mamadas ajuda tanto os bebés alimentados com peito como os que tomam biberão. A regurgitação excessiva pode ser consequência de uma sobrealimentação. Embora se utilizem métodos de alimentação óptimos, muitas crianças continuam bolsando um pouco, o que se considera normal.

Pelo contrário, o facto de vomitar em grandes quantidades pode indicar que existe um problema. O vómito enérgico e repetido (vomitar em projéctil) pode indicar um estreitamento ou obstrução da saída do estômago (estenose pilórica). A obstrução do intestino delgado pode produzir um vómito amarelo-esverdeado tingido de bílis que deve ser avaliado por um médico. Certas doenças metabólicas, como a galactosemia (elevada quantidade de galactose no sangue), também podem causar vómitos. Uma criança que vomita e tem febre, com ou sem sonolência, pode padecer de uma infecção.

Alimentação insuficiente

As crianças pequenas que comeram o suficiente, frequentemente, acalmam-se ou adormecem pouco depois de cada mamada. Pelo contrário, uma criança que não comeu o suficiente pode estar inquieta, acorda uma ou duas horas depois de ter comido e parece esfomeada. Um aumento de peso inferior a 170 g ou 225 g por semana numa criança com menos de 4 meses é anormalmente baixo e pode indicar uma alimentação insuficiente. Isto às vezes é a causa de um atraso no desenvolvimento.

Para determinar se o problema é uma alimentação insuficiente ou um problema mais grave, o médico analisa os pormenores da alimentação da criança juntamente com os pais. Os bebés alimentados com leite materno que não aumentam de peso o suficiente podem pesar-se antes e depois de cada mamada para obter uma estimativa mais precisa de quanto leite consome. A dieta da criança alimentada com biberão pode modificar-se aumentando a quantidade total de leite em cada mamada.

Sobrealimentação

Os problemas relacionados com a obesidade que surgem com o decorrer dos anos às vezes têm a sua origem na sobrealimentação durante a lactação. Além disso, um filho de pais obesos é mais propenso à obesidade. De facto, um bebé tem 80 % de probabilidades de ser obeso se os pais o forem. Se o aumento de peso, como se descreve na tabela de crescimento normal é demasiado rápido, pode ser de grande utilidade controlar o ritmo do aumento de peso.

Diarreia

Os recém-nascidos habitualmente fazem de quatro a seis defecações líquidas por dia. As crianças que tomam o peito costumam ter evacuações frequentes e espumosas, sobretudo antes de começarem a ingerir alimentos sólidos. A consistência das mesmas não é importante, a menos que a criança tenha pouco apetite, vómitos, perca peso, não aumente de peso ou se observe sangue nas fezes.

A infecção produzida por bactérias ou vírus pode produzir diarreia súbita grave e constitui a causa mais frequente de diarreia aguda nas crianças pequenas. diarreia ligeira que dura semanas ou meses pode ser causada por diversas circunstâncias, como uma doença celíaca, a fibrose quística, má absorção do açúcar ou uma alergia.

A doença celíaca é hereditária e consiste em o glúten, uma proteína dos cereais presente principalmente no trigo, originar uma reacção alérgica que afecta a superfície interna do intestino, causando uma absorção insuficiente das gorduras da dieta.Esta doença provoca desnutrição, pouco apetite e uma defecação clara, abundante e malcheirosa. Trata-se eliminando da dieta todos os produtos que contenham trigo.

A fibrose quística é uma doença hereditária que altera a função de vários órgãos, incluindo o pâncreas. Um pâncreas afectado por fibrose quística não produz suficientes enzimas para digerir proteínas e gorduras. Sem os enzimas digestivos apropriados, o corpo perde demasiadas proteínas e gorduras pelas fezes e isso produz desnutrição e atraso no crescimento. A defecação é abundante e frequentemente malcheirosa. Para controlar o problema pode administrar-se extracto de pâncreas por via oral.

A má absorção de açúcares produz-se quando o bebé carece de certos enzimas intestinais que permitem digerir determinados açúcares (por exemplo, a lactasa para digerir lactose). Os enzimas podem estar ausentes temporariamente devido a uma infecção intestinal ou então de forma permanente por causa de um problema hereditário. O problema pode ser tratado eliminando os açúcares específicos da dieta.

Embora em raras ocasiões uma alergia ao leite possa causar diarreia, vómitos e sangue na defecação, os sintomas costumam desaparecer rapidamente quando um tipo de leite se substitui por um preparado de soja, reaparecendo logo que se volte ao leite. No entanto, alguns bebés que não toleram o leite também não toleram preparados de soja. As crianças quase nunca são alérgicas ao leite materno.

Obstipação

É difícil identificar a obstipação no bebé, já que a quantidade de defecação pode variar consideravelmente. Um bebé que em algumas ocasiões defeca quatro vezes ao dia, noutras alturas pode fazê-lo uma só vez em cada dois dias.

Muito frequentemente as crianças sofrem um pequeno incómodo ao excretarem matéria fecal dura e grande, enquanto outras choram quando eliminam uma mole. O ânus de um bebé com menos de 3 meses de idade pode ser estreito, o que supõe um esforço persistente e a eliminação de fezes finas. O médico pode diagnosticar este problema introduzindo suavememte um dedo com uma luva no ânus da criança. Dilatando o ânus uma ou duas vezes, costumam aliviar-se os sintomas.

Um dejecto de grande tamanho pode rasgar o revestimento do ânus (fissura anal), causando dor durante a evacuação e o possível aparecimento de uma pequena quantidade de sangue de cor vermelha intensa nas fezes. O médico pode identificar uma fissura com um anuscópio. Nos bebés, a maioria das fissuras sara rapidamente sem tratamento, mas um laxante suave pode facilitar a sua cura.

A obstipação intensa persistente, sobretudo se começa antes do primeiro mês, pode indicar um problema mais grave. Estes problemas incluem a doença de Hirschsprung (uma quantidade de nervos deficiente com um intestino demasiado grande) ou o mau funcionamento da tiróide.

Enterocolite necrosante

A enterocolite necrosante é uma doença pela qual a superfície interna do intestino sofre lesões e se inflama; no caso de ser grave, uma porção do mesmo pode morrer (necrosa-se), ocasionando perfuração intestinal e peritonite.

A enterocolite necrosante afecta principalmente os recém-nascidos prematuros. Ainda não se identificaram completamente as causas que a produzem. Entre elas pode figurar uma inadequada irrigação de sangue para o intestino que pode lesar parte do mesmo. As bactérias podem invadir a parede intestinal danificada e produzir gás dentro da mesma. Se a parede intestinal se perfurar, os conteúdos intestinais podem verter-se dentro da cavidade abdominal e produzir uma infecção (peritonite). Esta pode propagar-se ao fluxo sanguíneo (sepse) e inclusive causar a morte.

Sintomas e diagnóstico

Os lactentes que padecem de enterocolite necrosante não toleram a alimentação e apresentam um abdómen dilatado. Finalmente, podem vomitar conteúdo intestinal tingido de bílis e pode ocorrer que se observe sangue nos dejectos. A infecção do fluxo sanguíneo pode causar letargia e uma temperatura corporal anormalmente baixa. O sangue pode tornar-se ácido e a criança pode padecer breves períodos de apneia durante os quais cessa a respiração. As radiografias do abdómen podem mostrar o gás produzido pelas bactérias dentro da parede intestinal, o que confirma o diagnóstico de enterocolite necrosante.

Tratamento e prognóstico

Algumas análises sugerem que o leite materno pode proteger as crianças prematuras da enterocolite necrosante. Nos bebés prematuros muito pequenos ou doentes é possível reduzir o risco atrasando a alimentação oral durante vários dias e depois aumentando progressivamente a quantidade de mamadas. No caso de suspeita de uma enterocolite necrosante, suspende-se a lactação de imediato. A pressão do intestino alivia-se eliminando o gás e o líquido por meio de um tubo de sucção colocado no estômago. Administram-se líquidos pela veia e começa-se um tratamento com antibióticos imediatamente.

Se o intestino se perfurar ou a cavidade abdominal se infectar, é necessário proceder à cirurgia, que será também necessária se o estado do bebé piorar progressivamente. No entanto, aproximadamente 70 % das crianças com enterocolite necrosante não requerem cirurgia. Durante a mesma extraem-se as porções do intestino perfuradas ou mortas (necrosadas). As extremidades cortadas do intestino podem ligar-se na superfície da pele onde ficam abertas (ostomia). Às vezes, quando as extremidades do intestino estão sãs, podem voltar a unir-se de imediato. Se não for assim, faz-se passadas várias semanas ou meses, depois da recuperação do tecido intestinal.

O tratamento médico intensivo e a cirurgia apropriada melhoraram o prognóstico para os bebés com enterocolite necrosante. Na actualidade mais de dois terços destas crianças sobrevivem.

Em raras ocasiões, nos bebés tratados sem cirurgia, parte do intestino grosso estreita-se durante as semanas ou meses seguintes, obstruindo-o parcialmente. Para alargar a área cicratizada e estreitada é necessário recorrer à cirurgia.

Cólicas

As cólicas são uma doença pela qual a criança padece episódios de choro e irritabilidade unidos a uma dor abdominal.

As cólicas, que recebem esse nome devido ao cólon (intestino grosso), costumam ser atribuídas a uma excessiva quantidade de gás no intestino, se bem que a causa precisa deste transtorno ainda se desconheça. Podem aparecer pouco depois de a criança ter saído do hospital, mas habitualmente surgem algumas semanas mais tarde. As cólicas podem ter lugar de forma interminente durante os primeiros 3 ou 4 meses de vida.

Sintomas e diagnóstico

As cólicas caracterizam-se por episódios de choro incontrolável e frequentemente pro- duzem-se num momento prevísivel do dia ou da noite. No entanto, algumas crianças choram quase continuamente. O choro excessivo faz com que a criança engula ar, o que produz gás (flatulências) e inchaço abdominal. Em geral, uma criança que padece cólicas come e engorda adequadamente, parece muito faminta e frequentemente chupa vigorosamente qualquer coisa.

O médico diagnostica cólicas por exclusão de outras causas de choro e irritabilidade, como uma alimentação inadequada, sobrestimulação, doença ou alergia ao leite.

Tratamento

É possível acalmar a criança que padece cólicas pegando-a ao colo, embalando-a ou dando-lhe suaves palmadinhas. O bebé que procura chupar desesperadamente o que quer que seja, ou que se queixa imediatamente depois de uma mamada, é provável que necessite chupar mais. Se uma mamada com biberão lhe leva menos de vinte minutos, devem experimentar-se tetinas diferentes com buracos mais pequenos. A chupeta também pode sossegá-lo. Uma criança muito activa e inquieta pode acalmar-se com a mudança de fralda. Ocasionalmente pode administrar-se-lhe um sedativo uma hora antes de se produzir o período de irritação previsto. De todas as maneiras, as cólicas habitualmente desaparecem por volta dos 3 meses de idade.

Anemia

A anemia é uma alteração caracterizada por uma escassa quantidade de glóbulos vermelhos (eritrócitos) no sangue.

A anemia num recém-nascido pode dever-se a uma perda de sangue, à desnutrição excessiva ou à produção deficiente de glóbulos vermelhos, ou a uma combinação de ambos os factores. Uma criança pode perder uma quantidade considerável de sangue durante o parto se a placenta se separar prematuramente da parede do útero (desprendimento da placenta) ou se o cordão umbilical se lacerar. Em tais casos, a criança pode estar muito pálida, ter hipotensão arterial (choque) e respirar de forma deficiente depois do parto.

A anemia num bebé prematuro costuma dever-se a uma perda de sangue (causada por reiteradas análises de laboratório) que não se recupera posto que não produz novos glóbulos vermelhos. Habitualmente, a medula óssea não produz novos glóbulos vermelhos durante 3 ou 4 semanas depois do nascimento. Esta anemia agrava-se devido ao rápido índice de crescimento da criança prematura, que pode crescer a uma velocidade maior que a da sua produção de glóbulos vermelhos. De todos os modos, não costuma desenvolver os sintomas da anemia, que se resolve em um ou dois meses.

Ás vezes destrói-se um grande número de glóbulos vermelhos, como acontece na doença hemolítica do recém-nascido, devido aos anticorpos produzidos pela mãe contra os glóbulos vermelhos do feto durante a gravidez. Os glóbulos vermelhos também podem ser destruídos demasiado rapidamente se a criança padecer de uma doença hereditária na qual estas células possuem formas anormais; contitui um exemplo a esferocitose hereditária, na qual os glóbulos vermelhos são esféricos. Os glóbulos vermelhos também podem ser destruídos rapidamente se contiverem hemoglobina (proteína dos glóbulos vermelhos que transporta oxigénio) anormal, como acontece na anemia drepanocítica ou na talasanemia Uma infecção contraída antes do nascimento, como a toxoplasmose, a rubéola, a doença de citomegalovírus, o herpes simples ou a sífilis, pode destruir os glóbulos vermelhos com grande rapidez. Quando estes são destruídos, a hemoglobina metaboliza-se e transforma-se em bilirrubina. As altas concentrações no sangue (hiperbilirrubinemia) causam icterícia e, em casos graves, podem ocasionar danos cerebrais (querníctero),

A anemia causada pela deficiência de ferro pode afectar crianças entre 3 e 6 meses de idade se são alimentadas com leite de vaca ou um preparado que não contenha suplementos de ferro. As crianças que não recebem tratamento para a anemia por deficiência de ferro podem ser letárgicas.

Tratamento

Uma criança que tenha perdido uma quantidade considerável de sangue durante o parto receberá uma transfusão imediatamente. Quando a causa da anemia é a destruição excessiva de glóbulos vermelhos, o tratamento inclui um tipo de transfusão pela qual o sangue da criança lentamente se substitui por sangue novo. Os glóbulos vermelhos danificados, a bilirrubina e os anticorpos da mãe são extraídos durante esta mudança de sangue. O tratamento da anemia por carência de ferro consiste em administrar suplementos deste metal. Se aparecem sintomas de anemia grave, pode ser necessário realizar uma transfusão de sangue.




O que é a doença hemolítica do recém-nascido
A doença hemolítica do recém-nascido, também chamada eritoblastose neonatal, é uma doença na qual os glóbulos vermelhos do recém-nascido são destruídos por anticorpos que atravessaram a placenta a partir do sangue materno. A doença hemolítica começa no feto, e nesta circunstância recebe o nome de eritoblastose fetal. Em muitos casos verifica-se uma doença hemolítica grave quando o feto tem sangue Rh-positivo e a mãe é Rh-negativo. O sangue do feto é Rh-positivo porque o pai lhe passou um traço de Rh-positivo, que é um traço dominante. A mãe responde ao sangue incompatível produzindo no seu anticorpos contra. Esses anticorpos atravessam a placenta e alcançam a circulação do feto, atacam e destroem os glóbulos vermelhos fetais, provocando anemia. Às vezes, a causa é outro tipo de incompatibilidade sanguínea. Por exemplo, a mãe pode ter o tipo de sangue O e o feto A ou B. Outras incompatibilidades mais raras devem-se aos grupos sanguíneos de Kell e Duffy.
A anemia grave causada pela doença hemolítica do recém-nascido trata-se como as outras anemias. O médico também observa a criança para detectar sinais de icterícia, que pode ocorrer porque a hemoglobina gerada após a contínua destruição de glóbulos vermelhos se transforma num pigmento amarelo brilhante chamado bilirrubina.
Se a bilirrubina se acumula no corpo mais rapidamente do que demora a ser excretada pelo fígado, a pele da criança torna-se amarela (icterícia). A icterícia trata-se facilmente expondo a criança a luzes intensas; em muitas raras ocasiões pode provocar lesão cerebral (querníctero) se a bilirrubina aumenta exageradamente.

Policitemia

A policitemia, a situação oposta da anemia, é uma condição na qual existe um número anormalmente alto de glóbulos vermelhos.

A policitemia aumenta a espessura do sangue, reduzindo a sua velocidade de circulação através dos vasos sanguíneos pequenos. Se é grave, pode originar coágulos dentro dos vasos. A criança pós-matura ou cuja mãe tem hipertensão, fuma, é diabética ou vive a grande altitude corre um maior risco de contrair policitemia. Também pode produzir-se policitemia se a criança receber demasiado sangue da placenta antes de o cordão umbilical ser apertado com molas depois do parto.

A criança pode ter a pele de cor avermelhada ou então com um matiz azulado. Pode ser lenta, alimentar-se escassamente, respirar de forma rápida e ter uma frequência cardíaca acelerada. Não é frequente que padeça convulsões.

Embora a extracção de sangue pudesse facilitar a eliminação do excesso de glóbulos vermelhos, também diminuiria o volume sanguíneo e pioraria os sintomas de policitemia. Por isso, em seu lugar realiza-se uma troca parcial de sangue com o fim de eliminar parte do da criança e substituí-lo por uma quantidade igual de plasma (a parte líquida do sangue).

Hiperbilirrubinemia

A hiperbilirrubinemia é uma concentração anormalmente alta de bilirrubina no sangue.

Os glóbulos vermelhos velhos, danificados ou anormais são extraídos da circulação principalmente pelo baço. Durante este processo, a hemoglobina (proteína dos glóbulos vermelhos que transporta o oxigénio) transforma-se num pigmento amarelo chamado bilirrubina. A bilirrubina chega ao fígado através da circulação e ali é quimicamente alterada (conjugada) para depois ser excretada para o intestino como um componente da bílis.

Na maioria dos recém-nascidos, a concentração de bilirrubina no sangue normalmente aumenta de forma transitória durante os primeiros dias posteriores ao nascimento, motivo pelo qual a pele está amarelada (icterícia).

Nos adultos, as bactérias que normalmente se encontram no intestino destroem a bilirrubina, mas o recém-nascido carece destas bactérias e, portanto, grande quantidade de bilirrubina excreta-se nas fezes, adquirindo uma cor amarela intensa. No entanto, o recém-nascido também conta com um enzima no intestino que pode alterar parte da bilirrubina e lhe permite que seja reabsorvida e passe ao sangue, o que contribui para o desenvolvimento da icterícia. À medida que aumenta a concentração de bilirrubina no sangue, a icterícia torna-se mais visível, avançando da cabeça para os pés; ou seja, vê-se primeiro na cara, depois no peito e, por último, nas pernas e nos pés. Normalmente, a hiperbilirrubina e a icterícia desaparecem no fim da primeira semana.

Uma concentração excepcionalmente alta de bilirrubina no sangue pode dever-se a uma sobreprodução de bilirrubina, a uma excreção insuficiente da mesma ou a ambos os motivos. Em certas ocasiões, nos nascidos no termo alimentados com leite materno, os níveis de bilirrubina no sangue aumentam progressivamente durante a primeira semana de vida (uma doença denominada icterícia do leite materno). Não se conhece a razão exacta da icterícia, mas na maioria dos casos não dá problemas. Se a bilirrubina aumenta demasiado, requer-se um tratamento com lâmpadas de bilirrubina.

Na maioria dos casos, o aumento da quantidade de bilirrubina não tem consequências excepcionais, mas uma concentração muito alta pode produzir dano cerebral. Este estado, denominado querníctero, é muito frequente nos recém-nascidos muito prematuros em estado grave.

Tratamento

A hiperbilirrubina ligeira não requer tratamento. A alimentação frequente do recém-nascido acelera a passagem do conteúdo intestinal, reduzindo a reabsorção de bilirrubina no intestino e, portanto, a sua concentração no sangue. Os níveis de bilirrubina mais altos podem ser tratados com fototerapia, um processo mediante o qual se coloca a criança debaixo das chamadas lâmpadas de bilirrubina. Estas lâmpadas emitem uma luz intensa que ilumina a pele da criança e produz uma alteração química nas moléculas de bilirrubina presentes nos tecidos debaixo da pele. Uma vez alterada, a bilirrubina pode ser excretada mais rapidamente pelo fígado sem ter de ser previamente alterada (conjugada) por dilatação. Se o sangue da criança contém níveis de bilirrubina perigosamente elevados, substitui-se por sangue novo (exanguinotransfusão para eliminar a bilirrubina).

Em raras ocasiões, é necessário interromper a lactação durante um ou dois dias se os valores de bilirrubina subirem demasiado numa criança que apresenta icterícia do leite materno. A mãe deve continuar a extrair o leite normalmente e com regularidade para poder iniciar a lactação tão cedo quanto a concentração de bilirrubina da criança comece a diminuir. O reinício da lactação ao cabo deste período não supõe nenhum risco para a criança.




O que é o querníctero
O querníctero é uma doença em que a bilirrubina se acumula no cérebro, causando dano cerebral. O querníctero é actualmente uma doença pouco comum e é mais frequente nos recém-nascidos prematuros ou nos gravemente doentes.
O querníctero começa com sonolência, alimentação escassa e vómitos. A seguir pode verificar-se um arqueamento espasmódico do pescoço e das costas para trás (opistótonos), os olhos rodam para cima, o bebé tem convulsões e pode morrer. Os efeitos posteriores do querníctero incluem atraso mental, controlo muscular anormal (paralisia cerebral), surdez e paralisia do olhar para cima.

Hipotermia

A hipotermia consiste numa temperatura corporal anormalmente baixa.

A superfície corporal do recém-nascido é grande em relação ao peso, pelo que pode perder calor rapidamente, sobretudo no caso do bebé que nasce com um peso baixo. Em ambientes frescos, a temperatura do recém-nascido tende a baixar. O calor também pode perder-se rapidamente por causa da evacuação, o que pode acontecer quando o recém-nascido está ainda molhado com líquido amniótico.

Uma temperatura corporal anormalmente baixa pode diminuir o açúcar do sangue (hipoglicemia), pode aumentar a acidez sanguínea (acidose metabólica) e inclusive pode ocasionar a morte. O corpo utiliza energia rapidamente com o fim de manter-se quente; assim, quando a criança arrefece, necessita mais oxigénio. Em consequência, a hipotermia faz com que o fornecimento de oxigénio aos tecidos possa ser insuficiente.

Todos os recém-nascidos devem manter-se num ambiente com uma temperatura elevada, para evitar a hipotermia. Este cuidado começa logo na sala de partos quando se seca o recém-nascido rapidamente para evitar a perda de calor por evaporação e se embrulha logo numa manta. Também se coloca um gorro na cabeça para evitar a perda de calor através do couro cabeludo. No caso de a criança ter de estar nua para se submeter a uma observação ou a um tratamento, coloca-se debaixo de um aparelho que desprenda calor.

Hipoglicemia
A hipoglicemia é uma concentração anormalmente baixa de açúcar (glicose) no sangue.

A hipoglicemia habitualmente produz-se quando a criança tem poucas reservas de glicose (armazenada como glicogénio) ao nascer. Outras causas frequentes são a prematuridade, a pós-maturidade e o funcionamento anormal da placenta durante a gestação. As crianças com escassas reservas de glicogénio podem sofrer uma hipoglicemia em qualquer momento durante os primeiros dias, sobretudo se as horas de as alimentar são muito espaçadas ou se a quantidade de nutrientes é insuficiente.

A hipoglicemia também pode acontecer em crianças que apresentam valores altos de insulina. Os filhos de mães diabéticas costumam apresentar elevadas concentrações de insulina porque as suas mães têm altos valores de glicose no sangue e durante a gravidez grande quantidade desta glicose atravessa a placenta. Como resposta, o feto produz grande quantidade de insulina. A doença hemolítica grave do recém-nascido também pode elevar os valores de insulina. Os valores elevados de insulina fazem descer rapidamente os valores de glicose no sangue durante a primeira hora depois do nascimento, precisamente quando o fornecimento contínuo de glicose através da placenta terminou de forma brusca.

Muitos recém-nascidos com hipoglicemia não apresentam nenhum sintoma. Outros estão apáticos, alimentam-se pouco, têm escasso tónus muscular, estão nervosos, respiram com rapidez ou deixam de respirar de vez em quando (apneia). Podem produzir-se convulsões.

A hipoglicemia trata-se com glicose, administrada por via oral ou endovenosa, dependendo da gravidade do problema.

Hiperglicemia

A hiperglicemia é uma concentração anormalmente alta de açúcar (glicose) no sangue.

No recém-nascido a hiperglicemia é menos frequente do que a hipoglicemia. Nas crianças muito pequenas, a glicose administrada por via endovenosa pode elevar excessivamente os níveis de glicose no sangue. Os recém-nascidos gravemente stressados ou infectados (sépticos) também podem desenvolver altos níveis de glicose no sangue. Se a concentração de glicose no sangue é muito elevada, pode filtrar-se pelo rim e derramar-se na urina.

O tratamento consiste em reduzir a quantidade de glicose administrada à criança. Se a hiperglicemia persistir, pode administrar-se-lhe insulina por via endovenosa.

Hipocalcemia

A hipocalcemia é um nível anormalmente baixo de cálcio no sangue.

A hipocalcemia ligeira é bastante frequente durante o primeiro ou segundo dia de vida nos recém-nascidos que têm um mau estado geral. Os que correm um maior risco de desenvolver uma hipocalcemia mais grave são os prematuros, os que são pequenos para a sua idade gestacional ou os que não receberam suficiente oxigénio durante o parto ou os filhos de mães diabéticas. A causa da hipocalcemia que aparece pouco depois do parto não se conhece com precisão, mas pode ter relação, em parte, com a súbita falta de cálcio procedente da mãe.

Os altos níveis de fosfato no sangue também podem causar hipocalcemia. Este tipo de hipocalcemia pode apresentar-se em crianças de mais idade alimentadas com leite de vaca (mais do que com leite materno ou preparado), já que este possui um conteúdo em fosfato demasiado alto para eles.

A hipocalcemia pode não causar sintoma algum ou então provocar debilidade, episódios de apneia (o recém-nascido deixa de respirar transitoriamente), má alimentação, nervosismo ou convulsões. As crianças sem sintomas não costumam necessitar tratamento. As que os apresentam são tratadas com soluções de cálcio, administradas por via endovenosa ou oral.

Hipernatremia

A hipernatremia é uma concentração anormalmente alta de sódio no sangue.

A hipernatremia pode ser causada por uma excessiva ingestão de sódio (sal) ou então por uma perda excessiva de água do corpo. Esta última é particularmente frequente em crianças muito prematuras, já que a água se evapora facilmente da sua pele, extremamente permeável à água. A situação piora devido a que os seus rins imaturos não podem absorver a água da urina para concentrá-la, com o que cada vez que urinam continuam a perder água.

Um recém-nascido que ingeriu demasiado sódio costuma apresentar um inchaço dos tecidos (edema) e excreta grandes quantidades do mesmo pela urina. Pelo contrário, o recém-nascido que perdeu muita água desidrata-se: a pele e as membranas mucosas da boca ressecam-se, urina pouco ou absolutamente nada e pode baixar-lhe a tensão. Em casos graves, a hipernatremia ou a desidratação podem danificar o cérebro ou inclusive causar a morte. A desidratação corrige-se administrando suplementos de água por via endovenosa.

Síndroma do feto alcoólico

A síndroma do feto alcoólico é uma doença que afecta algumas crianças nascidas de mães que beberam álcool durante a gravidez.

O consumo de álcool durante a gravidez pode causar defeitos de nascimento, sobretudo se a mãe o ingere em grandes quantidades ou se embriaga. Como também não está demonstrado que beber poucas quantidades de álcool seja inócuo durante a gravidez, não se deveria consumir absolutamente nada de álcool. Grandes quantidades de álcool podem provocar um aborto ou a síndroma do feto alcoólico.

Os recém-nascidos que padecem desta síndroma são pequenos para a sua idade gestacional e também têm a cabeça pequena, o que indica um escasso desenvolvimento cerebral dentro do útero. Algumas das malformações que podem produzir-se compreendem olhos pequenos, achatamento da zona média da cara, pregas anormais nas palmas das mãos, defeitos cardíacos e articulações anormais. A consequência mais grave é o desenvolvimento cerebral defeituoso, que deriva em atraso mental. O consumo de álcool durante a gravidez é a causa de atraso mental que mais facilmente se pode evitar.

Consumo de drogas durante a gravidez

O consumo de drogas durante a gravidez pode ter efeitos adversos tanto no feto que se está a desenvolver como no recém-nascido. A cocaína e os opiácios são duas das drogas ilícitas que podem causar problemas significativos. A cocaína estreita os vasos sanguíneos e eleva a tensão arterial e o seu consumo durante a gravidez pode provocar um aborto. O seu consumo, mesmo em raras ocasiões, no príncipio da gravidez pode causar anomalias congénitas nos rins, nos olhos, no cérebro ou noutras extremidades. O filho de uma mãe adicta a esta droga é mais propenso a ter escasso peso ao nascer, além de uma medida corporal e uma circunferência da cabeça menores do que é normal.

Os opiáceos, como a heroína, a metadona e a morfina, raramente causam anomalias congénitas, mas, como atravessam a placenta, as crianças podem nascer adictas a elas. Os sintomas de abstinência manifestam-se habitualmente dentro das 72 horas posteriores ao nascimento. Esses sintomas incluem irritabilidade, com choro excessivo, nervosismo, tensão muscular, vómitos, diarreia, suor, respiração acelerada e convulsões. Os sintomas de abstinência ligeiros tratam-se agasalhando a criança e alimentando-a frequentemente para reduzir a inquietude. Os sintomas graves podem ser controlados com pequenas doses de tintura de ópio, um narcótico. A dose reduz-se muito gradualmente no termo de alguns dias ou semanas à medida que os sintomas desaparecem.

Pode ter-se abusado de muitas outras drogas e frequentemente consomem-se várias drogas ao mesmo tempo durante a gravidez. Os filhos de mães que tenham consumido drogas neste período devem ser cuidadosamente controlados por pessoal de saúde e por membros dos serviços de assistência social. Algumas crianças têm defeitos que requerem atenção especial e outras, como as afectadas pela síndroma do feto alcoólico, podem sofrer atraso mental. Estas últimas devem ser avaliadas e receber tratamento no contexto de um programa de desenvolvimento infantil precoce. Muitas requererão educação especial quando alcançarem a idade escolar.

O filho de uma mãe toxicodependente deve ter um acompanhamento por parte do departamento local de serviços sociais. O abuso ou a dependência de drogas da mãe, juntamente com os hábitos de comportamento que isso supõe, expõe a criança a um alto risco de sofrer abusos ou abandono.

Convulsões

As convulsões são descargas eléctricas anormais no cérebro.

As convulsões podem ser causadas por qualquer alteração que afecte o cérebro directa ou indirectamente, como a baixa concentração de açúcar (glicose), cálcio, magnésio ou vitamina B6 (piridoxina) no sangue e por valores baixos ou altos de sódio. A inflamação das mebranas que rodeiam o cérebro (meningite) também pode causar convulsões. Outras causas podem ser as lesões cerebrais derivadas de uma falta de oxigénio, uma hemorragia cerebral, lesões congénitas, defeitos cerebrais congénitos ou abstinência de drogas. As convulsões causadas pela febre afectam as crianças mais velhas e raramente são graves.

As doenças que produzem convulsões nos recém-nascidos costumam ser graves. No entanto, a maioria dos que as padecem sobrevivem sem sofrerem nenhuma consequência. As convulsões causadas por uma baixa concentração de glicose ou de cálcio no sangue não costumam fazer-se acompanhar de incapacidades de nenhum tipo. As convulsões que são consequência de um mau desenvolvimento do cérebro, uma lesão ou uma meningite provavelmente provocarão problemas neurológicos posteriores.

As convulsões podem ser difíceis de reconhecer. Habitualmente, os braços ou as pernas apresentam umas sacudidelas rítmicas e a criança pode realizar movimentos de mastigação ou desviar presistentemente os olhos. Às vezes a frequência respiratória ou cardíaca muda de repente.

Diagnóstico e tratamento

O médico procura determinar a causa das convulsões analisando a hstória clínica completa e realizando uma exploração física. Pode solicitar análises para medir os valores de glicose, cálcio e electrólitos no sangue. Frequentemente obtém-se uma imagem do cérebro mediante ultra-sons, uma tomografia axial computadorizada (TAC) ou uma ressonância magnética (RM). Um electroencefalograma (EEG), que mede a actividade eléctrica do cérebro, pode ajudar a diagnosticar o tipo de convulsão.

Habitualmente, o objectivo do tratamento é corrigir a causa da convulsão. As convulsões persistentes podem ser tratadas com fármacos, como o fenobarbital e a fenitoína.

Síndroma de morte súbita do lactente

A síndroma de morte súbita do lactente é uma morte repentina e inesperada de uma criança aparentemente saudável.

A síndroma de morte súbita do lactente constitui a causa mais frequente de morte em crianças entre as 2 semanas e 1 ano de idade. Dá-se em 3 em cada 2000 crianças, quase sempre enquanto dormem. No entanto, a frequência parece estar a diminuir nos últimos anos. A maioria das mortes acontece entre o 2.º e o 4.º mês de vida. A síndroma acontece em todo o mundo e é um pouco mais frequente durante os meses de Inverno, em famílias de baixos rendimentos, entre as crianças prematuras ou que tenham necessitado de respiração artificial ao nascer, em bebés cujos pais tenham tido outros filhos que morreram por causa desta síndroma e nos filhos de mães fumadoras. Afecta um pouco mais os rapazes do que as raparigas.

Desconhece-se a causa da síndroma de morte súbita do lactente; mas na morte repentina e inesperada de um bebé podem intervir vários factores. Estudos recentes sugerem que esta síndroma é mais frequente entre as crianças que dormem de barriga para baixo do que na quelas que dormem de barriga para cima ou de lado. Na actualidade, recomenda-se deitar as crianças saudáveis de barriga para cima ou de lado. Também existe o risco de que as crianças se asfixiem se forem postas de barriga para baixo sobre uma superfície fofa, como uma manta ou um colchão de espuma muito mole. Por conseguinte, as crianças devem dormir num colchão consistente. Ninguém deve fumar numa casa onde haja um bebé.

Os pais que perderam uma criança pela síndroma de morte súbita do lactente encontram-se abatidos e obviamente não estão preparados para a tragédia. Devido a que nenhuma causa definida pode explicar a morte do seu filho, sentem-se em geral excessivamente culpados. E podem ficar ainda mais traumatizados devido às investigações realizadas pela polícia, pelos assistentes sociais ou por outras pessoas. Devem receber a assistência e o apoio de médicos e enfermeiras especialmente preparados para estes casos. Outros pais que perderam um filho por causa da mesma síndroma também podem apoiar e dar consolo aos pais afectados.