quinta-feira, 9 de abril de 2009

A enfermeira professora

Posted on 01:54 by oncare




A história de... Mariana de Sousa



Foi esta terça-feira galardoada com o Prémio Nacional de Saúde 2008 pelos serviços prestados em favor do desenvolvimento do ensino e da práticada enfermagem em Portugal.

Começou a trabalhar em 1952. Tinha então 23 anos e acabava de se formar na Escola Técnica de Enfermeiras, em Lisboa. Mariana Diniz de Sousa, hoje com 80 anos, foi agraciada com o Prémio Nacional de Saúde 2008 numa cerimónia quase íntima que decorreu ontem nas instalações do Infarmed.




Até se reformar, há dois anos, dedicou-se com afinco à pedagogia da enfermagem. Fala desse tempo, que começou com uma viagem aos Estados Unidos da América para fazer uma pós- graduação na área. "Fiz um curso direccionado para o ensino. Tive essa sorte". Naqueles anos era um privilégio estudar, ainda mais num país de pedagogia avançada, como os EUA. Quase dois anos volvidos, regressou a Lisboa, para a Escola Técnica de Enfermeiras.




"E o que é que eu fui fazer? Duas coisas, ensinar e praticar, porque uma pessoa quando ensina também pratica. Para ensinarmos aos jovens estudantes enfermeiros, temos que praticar para eles verem como se faz". E assim fez, durante anos. "Acompanhava os alunos aos hospitais em que eles estudavam. Escolhia os sítios aos quais levava os alunos para fazerem o estágio. Percorri assim os hospitais de Lisboa, sempre com grupos de alunos".



Mas fez muito mais. "Depois estive no Ministério da Saúde, fui assessora de vários ministros e fui fazendo estudos, propostas, nomeadamente na parte de revisão dos cursos. Constituí grupos para irmos estudando e abrindo caminhos na enfermagem. Depois fui directora-geral do Departamento de Recursos Humanos do Ministério da Saúde".



Foi a primera presidente da Ordem dos Enfermeiros, organismo que fundou. Sem falsa modéstia ainda acrescenta: "Fiz muito pelo avanço da enfermagem em Portugal, também no que diz respeito às carreiras dos enfermeiros, à programação do ensino dos enfermeiros e aos aspectos ligados ao exercício da profissão".



Considera que os enfermeiros "têm um papel importante a desempenhar" nos cuidados continuados e paliativos. Mas diz que a prática desses cuidados é ainda "incipiente" em Portugal. "Ainda há a estudar mais, muito mais sobre o assunto. Não há documentos definitivos. É incipiente". Os anos de experiência contam muito na posição que assume: frontalmente contra a eutanásia. "Essa questão não deve ser colocada. Pessoalmente, não concordo".


Mariana Diniz de Sousa recebeu um colar com os nomes de vários colegas gravados a ouro.



E AINDA

Mariana Diniz de Sousa marcou a enfermagem em Portugal, com especial relevância nos seus aspectos de organização, administração, ensino e dignificação profissional dos enfermeiros, contribuindo para a obtenção de ganhos de saúde e prestígio das organizações no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS).


No contexto das funções que exerceu na Direcção-Geral dos Hospitais, coordenou as actividades que levaram à reforma do ensino de enfermagem, tanto na formação inicial como na formação pós-básica. Teve relevante intervenção na preparação de legislação e regulamentação sobre o ensino de enfermagem e sobre o funcionamento das escolas de enfermagem, de que resultou a autonomia das escolas de enfermagem face aos hospitais.


Coordenou os trabalhos conducentes à criação da Escola de Ensino e Administração de Enfermagem e à aprovação dos planos de estudos do Curso de Ensino e Administração (Pedagogia e Administração).
No Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge, assumiu funções de orientação e coordenação do ensino de enfermagem, tendo criado e dirigido o Departamento de Ensino de Enfermagem.


Foi Subdirectora-Geral e Directora-Geral do Departamento de Recursos Humanos da Saúde, sendo de destacar os estudos para o desenvolvimento de uma política de recursos humanos, que se traduziu, nomeadamente, na reforma das carreiras dos profissionais de saúde, na regulamentação do exercício profissional dos enfermeiros, no estudo, alteração e gestão dos quadros de pessoal dos Estabelecimentos do SNS.

Na qualidade de responsável máxima do Departamento de Recursos Humanos da Saúde, contribuiu para o estudo sobre as situações profissionais de especial desgaste ou risco, bem como sobre o regime de incentivos para fixação de enfermeiros e médicos localizados em regiões periféricas.


No decorrer da sua vida profissional, proferiu numerosas conferências e palestras, realizou muitas visitas de estudo e missões oficiais no âmbito da cooperação com países de expressão oficial portuguesa, fez parte de numerosos grupos de trabalho, comissões e conselhos, destacando-se a sua actividade como Bastonária da Ordem dos Enfermeiros de 1999 a 2004.

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