quarta-feira, 13 de maio de 2009
"Greve é o que resta aos enfermeiros"
Pela terceira vez este ano, os enfermeiros voltaram à greve. E prometem fazê-lo de novo se o Ministério da Saúde não acolher as reivindicações de carreira dos sindicatos. A paralisação passou dos 80% nos hospitais, garantem os grevistas.
Era Dia Internacional do Enfermeiro. Enquanto, no Porto, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, prestava homenagem à classe, no S. João, mais de cinco mil profissionais enchiam a Avenida João Crisóstomo, em Lisboa, sede do Ministério da Saúde (MS). Por "uma justa carreira que dignifique a enfermagem" e exigindo a admissão de enfermeiros em contratos precários.
As razões da luta são as mesmas das anteriores greves: os enfermeiros cansaram-se daquilo que dizem ser avanços e recuos do MS na negociação da carreira de enfermagem. O arrastamento do processo e as "indecisões e adiamentos" foram o mote da manifestação, que foi entregue, por escrito, ao chefe de gabinete da ministra e, mais tarde, a um representante do primeiro-ministro.
Para além de denunciarem a falta de admissões de enfermeiros - que obriga os que há a trabalhar mais horas, pondo em risco os cuidados, dizem os sindicatos -, os enfermeiros pedem para ser tratados como os restantes licenciados da Função Pública. Querem um início de carreira com salário igual aos dos professores ou inspectores, por exemplo, enquanto o MS propõe pagar-lhes menos 200 euros. E querem progressão igual, e não uma que os obrigue a trabalhar 45 anos para atingir o topo da carreira. Pedem ainda que as matérias de carreira em negociação sirvam para trabalhadores em regime de funções públicas e para os contratados individuais dos hospitais entidades públicas empresariais (horários, regras disciplinares e salários).
Prometem radicalizar-se se esta greve não der resultados porque, resume o sindicalista Paulo Anacleto, em Coimbra, "é o que resta aos enfermeiros". Manuel Pizarro discorda. E lamenta paralisações a meio de uma processo negocial "bem encaminhado" e com espírito de "cooperação". "Não parece que ajude muito".
Nos hospitais, contas dos quatro sindicatos que convocaram o protesto, a adesão à luta foi de 81%. O MS, do seu lado, calcula 63% dos enfermeiros parados. As divergências são as de sempre. O certo é que os serviços ressentiram-se, com consultas e cirurgias programadas paradas.
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